Comandante do Exército: são "malucos" os que pedem intervenção militar

O comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas chamou de "tresloucado" e "malucos" as pessoas que pedem uma "intervenção militar" no Brasil.  Há "chance zero" de setores das Forças Armadas, principalmente da ativa, mas também da reserva, se encantarem com a volta dos militares ao poder, disse neste domingo (11) ao jornal Estado de S.Paulo. 

comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas - Foto: Alan Marques/Folhapress

"Esses tresloucados, esses malucos vêm procurar a gente aqui e perguntam: 'Até quando as Forças Armadas vão deixar o país afundando? Cadê a responsabilidade das Forças Armadas?'" E o que ele responde? "Eu respondo com o artigo 142 da Constituição. Está tudo ali. Ponto".

Constituição

Pelo artigo 142, "as Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem."

O que o general chama hoje de "tresloucados" corresponde a uma versão atualizada das "vivandeiras alvoroçadas" que, segundo o marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, primeiro presidente do regime militar, batiam às portas dos quartéis provocando "extravagâncias do Poder militar", ou praticamente exigindo o golpe de 1964, que seria temporário e acabou submetendo o país a 21 anos de ditadura. "Nós aprendemos a lição. Estamos escaldados", diz o comandante.

Viu pela televisão

O general disse que se surpreendeu ao ver, pela televisão, que um grupo de pessoas havia invadido o plenário da Câmara pedindo a volta dos militares. "Eu olhei bem as gravações, mas não conheço nenhuma daquelas pessoas", disse, contando que telefonou para o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) em razão dele ser capital da reserva do Exército, para se informar melhor e ouviu dele: "Eu não tenho nada a ver com isso".

Bolsonaro = Trump

"No que me diz respeito, o Bolsonaro tem um perfil parlamentar identificado com a defesa das Forças Armadas", diz o general, tomando cuidado com as palavras e tentando demonstrar uma certa distância diplomática do deputado.

Ao ser questionável pelo Jornal se acha viável uma candidatura de Bolsonaro para a presidente da República em 2018, como bradam, a resposta do general não é direta, mas diz muito: "Bolsonaro, a exemplo do (Donald) Trump, fala e se comporta contra essa exacerbação sem sentido do tal politicamente correto".