"Tenentes de toga" manipulam e comandam crise, diz cientista político

Em entrevista ao Estadão, o cientista político Luiz Werneck Vianna, da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio, analisa a atual conjuntura política do país destacando que a atual crise política é fomentada pela manipulação de juízes e procuradores que se comportam como “tenentes de toga”, numa comparação com os militares dos anos 1920.

Luiz Werneck Vianna - Reprodução

“Essa balbúrdia é provocada e manipulada com perícia”, disse Werneck, se referindo aos vazamentos de investigações da Lava Jato. “Essas coisas não estão acontecendo naturalmente. Não são processos espontâneos. A esta altura, a meu ver, não há dúvida de que há uma inteligência organizando essa balbúrdia".

Segundo ele, as corporações do Judiciário tomaram conta do país e estão “ganhando mais poder”, resultado de uma cultura corporativa em que os partidos se tornaram alvo e “objeto deste achincalhe”.

Para Werneck, esses setores se sustentam por meio da grande mídia. Ele lembra que os principais agentes da Lava Jato, como o juiz Sérgio Moro, responsável pelos processo das LAva Jato em primeira instância, por exemplo, já diziam em vários textos que embasariam suas ações com foco estratégico na imprensa.

Questionado se faltam limites constitucionais para controlar essas corporações do Judiciário, o cientista político afirmou: “O problema é que as instituições têm de ser “vestidas” pelos personagens. E, a partir de certo momento, os personagens começaram a ter comportamentos bizarros. E que têm essa visão iluminada que os tenentes tiveram, nos anos 20. Só que os tenentes tinham um programa econômico e social para o país. E esses tenentes de toga não têm. São portadores apenas de uma reforma moral”.