Vanessa Grazziotin: Adeus 2016

O ano de 2016 é, sem dúvida, daqueles que dificilmente será esquecido. Ficará marcado na história pelos acontecimentos negativos ocorridos no Brasil e no mundo. Esse é o sentimento das pessoas.

Vanessa Grazziotin - Foto: Ag. Senado

O mundo assistiu Trump vencer as eleições americanas; os colombianos rejeitarem o acordo de Paz; os ingleses optarem pelo desligamento da União Europeia e Aleppo se transformar numa cidade fantasma.

Foi o ano de ocupações de escolas, de manifestações de intolerância, da tragédia da Chapecoense, do Golpe no Brasil.

"Pelo meu país, por Deus, por minha família, pelas pessoas de bem e contra a corrupção. Meu voto é sim!". Assim sucediam-se ao microfone os deputados que aceitaram o processo contra Dilma, regidos pelo "ético" deputado Eduardo Cunha, hoje preso.

O objetivo era depor a presidenta eleita. Golpearam a democracia para interromper o projeto de inclusão social e soberania, e iniciar a destruição da Constituição Cidadã, via medidas regressivas que só um governo não eleito poderia fazer. Temer aceitou esse papelão.

Relembremos as palavras do senador Jucá ao correligionário e ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado: "a saída de Dilma era necessária para estancar a sangria da Lava Jato", daí o empenho deles em deter as investigações para evitar que ela atinja de morte a eles próprios.

O governo extinguiu importantes secretarias (Mulheres, Igualdade Racial, Juventude e Direitos Humanos); desfigurou ministérios estratégicos como a Ciência e Tecnologia e Desenvolvimento Agrário; e promoveu cortes em programas como Farmácia Popular, Samu, Mais Médicos, Minha Casa Minha Vida e Bolsa Família.

Acelerou a aprovação da "PEC da maldade", que congela despesas públicas por 20 anos. Tenta impor a reforma do ensino médio sem diálogo com o setor, provocando grandes manifestações país afora.

E agora suas reformas se voltam contra trabalhadores e aposentados. A reforma Trabalhista estabelece a prevalência do negociado sobre o legislado; a da Previdência exige 49 anos de contribuição, idade mínima de 65 anos para homens e mulheres e acaba com a indexação dos benefícios previdenciários ao salário mínimo.

No apagar das luzes, à surdina, tentou repassar, graciosamente, R$ 100 bilhões de patrimônio público às empresas de telefonia. Ou seja, enquanto penaliza os pobres, favorece os mais ricos.

Sem legitimidade, sem apoio popular e alvo direto das delações da Lava Jato, Temer acelera suas maldades. Não sabemos ao certo o desfecho final, mas temos claro que seu governo não tem condições morais e políticas para atravessar a pinguela de 2017.

Então, adeus 2016.