Passe Livre mantém ato contra reajuste das tarifas de integração em SP

Apesar de o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o prefeito da capital paulista, João Doria, ambos do PSDB, terem acatado ordem judicial e suspendido ontem (10) o reajuste da tarifa de integração dos ônibus com trens e Metrô, o Movimento Passe Livre (MPL) manterá ato de amanhã (12), que está marcado desde que o reajuste foi anunciado, em 30 de dezembro. A concentração será a partir das 17h, na Praça do Ciclista, na Avenida Paulista.

Manifestação contra o aumento da tarifa de ônibus - Rede Social

Os manifestantes seguirão até a casa do prefeito João Doria, no Jardim Europa, zona oeste da cidade.

O governo estadual está recorrendo da decisão para restabelecer o aumento. “Vamos manter o ato. Mesmo que a Justiça tenha tomado essa decisão, temos que continuar na rua. Não é só a Justiça, temos que caminhar juntos”, afirmou uma das integrantes do Passe Livre, Sofia Sales. “Essa decisão pode ser alterada. A Justiça e o governador estão dando várias surpresas na gente. É bom nos mantermos atentos.”

Com o lema “Nenhum centavo a mais, nenhum direito a menos”, o ato tem confirmados 5,4 mil participantes na página oficial da manifestação, no Facebook. De acordo com o movimento, tradicionalmente o primeiro ato costuma ter um número significativo de participantes. A integrante do movimento reiterou que o ato é um evento público e que o Passe Livre não tem pretensão de delimitar quem participa. “Seu caráter público tira de nós a responsabilidade de quem o compõe”, disse, ao ser questionada sobre a possível participação de black blocs no protesto.

“As únicas perspectivas dadas tanto pelo Alckmin quanto por seu fantoche Doria é o reajuste da tarifa e a priorização do lucro dos empresários”, diz Sofia. “Grande parte dos usuários de transporte coletivo precisa pegar mais de uma condução pra ir trabalhar. É perverso por parte do poder público com a própria população dizer que o ‘reajuste’ não é um aumento. Apesar do aumento proposto não atingir os bilhetes unitários, ele afetaria a cobrança das integrações e dos bilhetes temporários, dois serviços muito usados por quem precisa do transporte diariamente.”

Questionada sobre o fato de alguns grupos desconhecerem o ato marcado pelo Passe Livre e acusarem o movimento de partidarismo a favor de Doria e contra o ex-prefeito Fernando Haddad, Sofia afirmou que “trata-se de uma afirmação infundada e sobremaneira cega, pois é incapaz de olhar para a história da luta pelo direito à cidade no país”. Ela lembrou que o movimento existe há 12 anos e que, nesse período, organizou “diversas atividades e inclusive atos e jornadas de lutas contra os reajustes de tarifa, realizados por decisão política do prefeito”.

“Nossa pauta é o transporte público e independentemente da prefeitura iremos defendê-la”, acrescentou. “Doria significa um tamanho retrocesso com sua política empresarial, depende de nós barrar as decisões que retiram nossos direitos. Somente a luta pode construir um transporte verdadeiramente público na cidade.”

Sobre o fato de o Passe Livre ser responsabilizado por alguns grupos pelo impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff, sob argumentação que o movimento foi responsável por levar movimentos conservadores para a rua nas jornadas de junho em 2013, Sofia afirmou que os protestos naquele ano ocorreram em “um contexto muito específico”.

“A pauta do aumento da tarifa era o centro da questão que expunha a precarização e a exclusão da classe trabalhadora. Entretanto, se a resposta da direita ao junho de 2013 é o que estamos vendo acontecer hoje em todo o Brasil, nos cortes de direitos, na flexibilização das leis trabalhistas e na recém-aprovada PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 55, um movimento que pauta o direito à cidade não tem responsabilidade nisso. Nós defendemos um transporte verdadeiramente público e é isso que buscamos na luta”, diz a representante do Passe Livre.