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Bienal: Ciro e Vanessa participam de debate sobre saídas para a crise

A Bienal da UNE, que ocorre entre os dias 19 de janeiro a 1º de fevereiro em Fortaleza (CE), também é um espaço de análise da conjuntura política e econômica.

Bienal da Une - Cuca da UNE

Neste domingo (29), ocorreu a mesa: “Reinvenção da Economia e as Saídas para a Crise, que contou com a participação do ex- governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) , do governador do Piauí Wellington Dias (PT), o membro da Consulta Popular Ricardo Jebrim, do secretário de Relações Internacionais do Partido Pátria Livre (PPL) Márcio Cabreira, da ex-deputada federal Luciana Genro (PSOL) e da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM). A presidenta da UNE, Carina Vitral, estava mediando a mesa.

A senadora Vanessa Graziottin saudou a Bienal por ser primeiro encontro pós golpe. "Para mudar essa realidade temos que saber que quem promoveu o impeachmnet foi um grande consórcio que envolve o sobretudo capital especulativo, a mídia, o parlamente e o judiciário. A união das forças progressistas é fundamental para alavancar a agenda Fora Temer. O combate à corrupção não deve apenas ser uma bandeira de luta, deve ser um exercício diário de todo brasileiro", enfatiza. 

Para Ciro Gomes, a economia e sociedade brasileira estão doentes, no entanto, os estudantes secundaristas e universitários dão uma sobrevida a esse caos. Ele rememora que de 1980 pra cá o Brasil continua representando 1% do comércio internacional enquanto a China 12%. "Isso se dá porque é uma economia que não depende da especulação financeira internacional, pois guarda reservas. Ou seja, o Brasil estagnou na medida em que a população cresceu demandando assim emprego, escolas, alimento, saúde, etc".

"Fernando Henrique Cardoso (FHC) saiu do poder desmoralizado. A recessão voltou, o desemprego se aprofundou. Lula conseguiu reeleger Dilma por que o Brasil vivenciou um fenômeno de valorização das matérias primas, como minério de ferro e o petróleo", avalia Ciro, ao relembrar o ciclo de ascensão que o Brasil passou recentemente.

Ricardo Jebrim iniciou o debate ressaltando que o país vive em um processo de golpe, seguindo um efeito cascata que ocorreu em outros países da América Latina. "Trata-se de um nova modalidade de golpe que envolve o parlamento, a Polícia Federal, o Judiciário e uma base social que o chancela a alta classe média, fenômeno que foi visto em 1964. Nos anos de 1990, as privatizações das estatais públicas desmontaram os mecanismos econômicos do país", avalia.

Ele aponta como saída para a crise, a construção de uma ampla e sólida frente com as forças democráticas e progressistas e resgatar um programa que reconquiste as camadas populares.

Jebrim  enumera três "ações surdas" que classificam o golpe em curso. A primeira o ressurgimento do fenômeno eleitoral de cunho fascista seguida pela ininterrupta conspiração e a terceira segue com destruição da Constituição de 1988. "Parcelas da sociedade que foram beneficiadas com os programas sociais não nos apoiaram, não nos exergaram como representação", diz. 

A deputada Luciana Genro usou a sua fala para também chamar atenção para a perversidade do sistema penal brasileiro. "Essas masmorras estão abarrotadas de jovens, negros e pobres", que é a prova de que o estado de direito não é aplicável às camadas mais vulneráveis da sociedade.

Ela denuncia que todo o esforço econômico que o Temer está fazendo com sua política de austeridade é apenas para pagar a dívida externa. 

A Bienal da UNE segue nesta segunda com mais debates, mostras selecionadas e convidadas de diversas linguagens artísticas. O festival terá ainda mais um dia de programação no Dragão do Mar na terça-feira (31) e será encerrado na quarta, dia primeiro de fevereiro, com uma grande culturata (passeata cultural) pelas ruas de Fortaleza.