Poroshenko promete referendo sobre entrada da Ucrânia na Otan

O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, anunciou, nesta sexya-feira (3), sua intenção de realizar um referendo sobre a adesão deste país à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Ucrânia - Sergey Dolzhenko/EPA

Segundo Poroshenko, a opinião pública ucraniana mudou muito nos últimos quatro anos, quando apenas 16 por cento da população estava em prol de deixar atrás a política de permanecer fora de qualquer bloco militar.

O multimilhonário e agora chefe de Estado assinalou que em caso de uma resposta positiva à entrada ucraniana na aliança atlântica, fará todo o possível para materializar essa possibilidade.

De acordo com pesquisas, 54 por cento dos ucranianos apoiariam agora uma adesão à aliança, depois que em dezembro passado a Rada Suprema (Parlamento unicameral) aprovou uma resolução que anula a negativa a integrar blocos militares.

Após o golpe de Estado perpetrado pela direita com apoio de grupos neofascistas, em fevereiro de 2014, a cúpula no poder manejou a possibilidade de uma adesão à Otan em conversas com potências ocidentais.

No entanto, Poroshenko nunca obteve uma resposta clara, enquanto alguns analistas consideram que a Ucrânia só poderia fazê-lo dentro de 20 ou 25 anos.

A preparação para a entrada desta nação ao bloco intensificou-se nos últimos dois anos, depois que o Exército tratou de adaptar sua estrutura à dessa aliança, formada agora por 28 estados.

Para 2020, as autoridades ucranianas planejam equiparar a estrutura de suas forças armadas para que correspondam totalmente com a do bloco militar.

Alguns analistas consideram que a Otan mantém uma regra não escrita oficialmente, para manter fora dessa organização países com litigios territoriais, como já sucedeu com a Georgia, com seu diferendo com Abkhásia e a Ossétia do Sul.

A Ucrânia vive um conflito no sudeste, onde a população se levantou contra o golpe de estado e o interesse de eliminar o russo como idioma oficial, e realizou referendos de independência em Donetsk e Lugansk.

As duas regiões do sudeste vivem uma guerra, com saldo de ao menos nove mil mortos, em sua grande maioria civis, enquanto a península da Crimeia apoiou em um referendo sua independência e regresso à soberania da Rússia.