"Provas inventadas", afirma Altman sobre processo em que foi absolvido

Alvo de condução coercitiva na Operação Carbono 14, desdobramento da Operação Lava Jato, em 1.º de abril do ano passado, e réu em processo por suposta lavagem de dinheiros em ação que tramitava sob comando do juiz Sérgio Moro da 13ª Vara Federal de Curitiba, o jornalista Breno Altman foi absolvido nesta quinta-feira (2).

Breno Altman

"Eu acho que o processo era tão evidentemente artificial que não havia outra possibilidade que a minha absolvição", disse Breno Altman, que é proprietário do site Opera Mundo, em entrevista ao Estadão.

Altman foi acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) de ter envolvimento num empréstimo de R$ 6 milhões feito pelo empresário Ronan Maria Pinto, do ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares. De acordo com os procuradores do MPF o dinheiro seria um 'cala boca' para abafar provas sobre o assassinato do então prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT), ocorrido em 2002.

"As provas apresentadas eram nitidamente contraditórias e inventadas com base no mecanismo de delação premiada", disse o jornalistas. Entre as provas apresentadas pelos procuradores, estava o depoimento de Ronan que disse ter encontrado Altman por meio de um intermediário do ex-prefeito petista de Santos, Davi Capistrano, porém em uma data três anos após a morte de Capistrano.

Outra contradição do processo foi a delação premiada do publicitário Marcos Valério, que dizia que Altman havia participado de uma reunião com outros três investigados. no entanto, os três investigados negaram a presença do jornalista. Além disso, o hotel citado por Marcos Valério como sendo o local do encontro, o Pulmann, não guarda nenhum registro da entrada de Altman.

"O Marcos Valério foi absolvido porque de alguma maneira ajudou o Ministério Público. No entanto, o que o Marcos Valério fez foi mentir", repudiou Altman.

Outra delação usada pelo MPF foi a a do doleiro Alberto Youssef, que dizia ter ouvido de Enivaldo Quadrado sobre o suposto envolvimento de Altman no crime. Porém Enivaldo negou a acusação.

Apesar das contradições nos depoimentos, o MPF pediu à Justiça de Curitiba a inclusão de Altman no processo da Operação Carbono 14.

"Essa irresponsabilidade com que age o Ministério Público, movido pelo ambiente de perseguição política no país, leva ao atropelo da Justiça. Eu me sinto vítima disso, pois desde o início eu disse: eu sou inocente e não há nenhuma prova que me vincule a um crime que eu não participei", rechaçou.

Altman aponta falhas do processo e considera que a condenação de Delúbio Soares, condenado no mesmo processo a cinco anos de prisão por ter interposto uma pessoa na realização de um empréstimo bancário, uma injustiça.

"Não é uma coisa ilegal que esse empréstimo tenha sido terceirizado, como aparentemente o foi por meio do Bumlai (José Carlos Bumlai, fazendeiro amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva)", diz Altman.

Sobre Enivaldo, o jornalista indaga: "Se o Marcos Valério foi absolvido por não ter participação no empréstimo porque Enivaldo foi condenado sem participação nos mesmos trâmites?".