Justiça do Trabalho não deveria nem existir, diz Rodrigo Maia

Na ânsia em destruir as bases do Estado Social brasileiro, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), declarou durante anúncio da votação de um projeto de terceirização desengavetado pelo governo Temer, nesta quinta-feira (9), que a Justiça do Trabalho não deveria nem existir.

Rodrigo Maia

A declaração foi feita ao criticar uma decisão de juízes do trabalho sobre bares e restaurantes. Segundo Maia, os juízes tomam decisões “irresponsáveis”, que quebraram bares, restaurantes e hotéis no Rio de Janeiro, e, por isso, a Justiça do Trabalho “não deveria nem existir”.

“Tivemos que aprovar uma regulamentação da gorjeta porque foi quebrando todo mundo pela irresponsabilidade da Justiça brasileira, da Justiça do Trabalho, que não deveria nem existir”, disse.

Para justificar o desmonte, Maia afirma que “o excesso de Estado gerou essa crise” e que as reformas são necessárias para reverter o quadro.

Ele afirmou ainda que a reforma trabalhista enviada pelos governo Temer “é tímida”. As centrais sindicais e lideranças dos movimentos sociais são unânimes nas críticas ao projeto de reforma por considerarem que a proposta ameaça direitos trabalhistas consagrados.

“Acho que a gente vai avançar na regulamentação trabalhista. Infelizmente, o presidente Michel não vai gostar, mas acho que a Câmara precisa dar um passo além daquilo que tá colocado no texto do governo”, afirmou ele.

Maia aproveitou para informar que o projeto de terceirização será votado nesta quinta-feira (9). O projeto foi enviado ao Congresso em 1998 e aprovado pelo Senado em 2002, durante o governo FHC. O motivo de desengavetar um projeto tão antigo é porque se aprovado, o texto irá direto à sanção presidencial. Entre outros pontos, o projeto anistia débitos e penalidades aplicadas a empresas que praticam terceirização.

Utilizando o mesmo discurso do governo, de que se a reforma não for feita, a Previdência quebra, Rodrigo Maia defendeu as medidas e ainda disse que há o risco de uma candidatura presidencial “fora do padrão” ganhar as eleições de 2018.

“Em 2018, teremos condição de ter o Michel Temer como o grande condutor do processo eleitoral. Os partidos da base estarão unidos, teremos uma candidatura muito forte. Se não der certo, teremos pulverização e o risco de algo fora do padrão ocorrer é muito forte. Se o Estado não estiver reformado, entraremos em 2018 com o risco do imponderável.”

Maia também atacou os servidores públicos, dizendo que “os servidores públicos concursados usam de má fé e de informações que não têm nada a ver com realidade do Brasil”.