Reforma trabalhista e sindical: dobradinha para beneficiar o patronato

Neste domingo (2), o presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Ives Gandra, defendeu o fim do imposto sindical obrigatório. No esforço de Michel Temer em retirar direitos dos trabalhadores, Gandra tem sido peça importante. Ele também havia declarado ser a favor da terceirização irrestrita, sancionada por Temer na última sexta-feira (31). Dirigentes das principais centrais afirmam que a medida é para enfraquecer o movimento e diminuir a resistência à retirada de direitos.

ato das centrais em defesa do emprego - Railidia Carvalho

Para Adilson Araújo, presidente da Central de Trabalhadores do Brasil (CTB) a reforma sindical de Temer é da mesma família das reformas previdenciária e trabalhista. “O propósito é dividir e fragmentar o movimento sindical para dificultar, ainda mais, a resistência ao golpe do capital contra o trabalho, que se realiza na liquidação de direitos históricos”, declarou.

Segundo o dirigente, a “dobradinha reforma trabalhista/reforma sindical” é o casamento perfeito para o patronato. “A primeira impõe a destruição de direitos e flexibilização/precarização das relações trabalhistas. A segunda garante a fragmentação do movimento sindical, reduzindo a capacidade de resistência e luta contra o retrocesso. Uma dupla estratégia na retirada de direitos”.

O ministro do TST que falou ao Estadão, defende um formato de contribuição que não seja obrigatório. Também ouvido pelo jornal paulista, o presidente da União Geral de Trabalhadores , Ricardo Patah, afirmou que se for assim ninguém vai pagar. João Carlos Gonçalves, o Juruna, secretário-geral da Força Sindical, afirmou que todos os trabalhadores se beneficiam da atuação do sindicato e não apenas os associados.

“Erra quem pensa que o sindicalismo fraco ajuda para a retomada da economia. Na verdade, acontece o contrário.” explicou Patah. O dirigente tratou com Michel Temer sobre o assunto, no entanto, disse que não havia garantias do Planalto. “Ele (Temer) me disse que não ia sancionar a terceirização, olha o que aconteceu.”

Nesta semana, a reforma trabalhista (Projeto de Lei 6787/16) realiza uma série de audiências. Temer quer aprovar a reforma ainda no primeiro semestre. O relator da reforma, deputado Rogério Marinho (PSDB-RN), aprova o fim da obrigatoriedade do imposto sindical. As centrais prosseguem nesta semana com mobilizações para o dia 28 de abril, data da greve geral contra as reformas trabalhista e da previdência social.