Palestinos lembram Catástrofe com afirmação de causa nacional

A passagem dos 69 anos da expulsão de centenas de milhares de palestinos dos seus territórios nacionais foi assinalada com protestos na Cisjordânia, na última segunda-feira (15).

Nakba - World Bulletin

Manifestações em recordação do dia 15 de Maio de 1948 como o dia da "Catástrofe" (Nakba, na versão árabe) ocorreram por todo o globo, particularmente onde a diáspora Palestina (calculada em mais de sete milhões de pessoas) tem uma presença mais significativa.

Os protestos mais fortes ocorreram na linha da frente do combate pela liberdade e a independência da Palestina, junto às barreiras e ao muro erguido por Israel nos territórios ocupados desde 1967.

Na Cisjordânia foram realizadas várias marchas. De acordo com a agência Wafa, em Ramala, cidade sede da Autoridade Nacional Palestina (ANP), um desfile a recordar a expulsão de cerca de 750 mil Palestinos por parte dos sionistas, em 1948, bem como a afirmar a causa nacional palestina, terminou em confrontos com as tropas ocupantes. Sete palestinos ficaram feridos.

O 69.º aniversário do Nakba ocorre quando, nas prisões israelitas, mais de 1,5 mil presos palestinos cumprem uma greve de fome contra as condições de encarceramento e a política carcerária israelita, designadamente as violações dos direitos humanos, a detenção sem culpa formada e o prolongamento da prisão sem sustentação legal ou factual.

Atrás das grades, o mais prestigiado dirigente da Fatah, Marwan Barghouti, apelou ao povo palestino para levar a cabo ações de massas e de desobediência civil durante a Nakba.

Numa carta divulgada por uma estação de televisão libanesa, Barghouti apelou, igualmente, à reconciliação entre as forças Palestinas com base num programa mínimo comum, mas advertiu para a aceitação da retoma das negociações com Israel sustentadas "em princípios que no passado se revelaram falhados".

Pax americana

Nos últimos dias, o presidente da ANP, Mahmoud Abbas, encontrou-se com Donald Trump na Casa Branca e expressou a disponibilidade dos Palestinos para retomarem as conversações com Israel.

O presidente dos EUA, por seu lado, sugeriu que está disposto a acolher a maioria das pretensões israelitas, entre as quais o reconhecimento de Jerusalém como capital do território.

É nesse sentido que se enquadra a declaração oficial de Washington, no domingo (14), a admitir a transferência da sua representação diplomática de Telavive para aquela cidade. O que, a suceder sem o estabelecimento de um Estado Palestino soberano nas fronteiras de 1967 e com capital em Jerusalém Oriental – questões centrais juntamente com o direito de regresso dos refugiados, a libertação dos presos políticos, o controlo dos recursos soberanos e de fronteiras – significaria um passo adiante não para um acordo de paz, mas para a imposição da "paz" dos ocupantes.