UJS: Ritmo da Luta, o batuque com discurso

Neste sábado (20), acontece o Ensaio Nacional da bateria Ritmo da Luta, a já conhecida e popularmente chamada de “Bateria da UJS”. Para quem está presente nas diversas manifestações e atos que tem tomado as ruas do país contra os retrocessos impostos pelo governo golpista, a bateria da UJS certamente já cruzou o seu caminho, fazendo com que os gritos e palavras de ordem das atividades ganhem muito mais força.

Samuca

O cruzamento de arte, propaganda e política é antigo. Na Rússia revolucionária de 1917 tivemos o Agitprop, junção de agitação e propaganda, que era uma espécie de conjunto de ações que serviam para canalizar determinadas pautas relevantes para as lutas da classe trabalhadora daquele período, lembrando que grande parte da população do país naquele período era composta de analfabetos, e que portanto, buscar formas criativas de comunicação era urgente. Para tanto, os militantes naquela época lançaram mão de diversas linguagens, como o teatro, a música, o cinema e mesmo o jornalismo se transformou em instrumento de conscientização dos trabalhadores.

Mas podemos achar o cruzamento de arte e política muito antes da Revolução Russa, na Comuna de Paris, em 1871, o pintor Gustave Courbet, apontado como secretário de comunicação da Paris dos communards, alinhou artistas e suas formas de expressão com os objetivos da Comuna. (saiba mais aqui sobre o tema)

Por aqui, no Brasil, tivemos as experiências dos Centros Populares de Cultura (CPC’s), nascidos em 1961, e que foram desarticulados pelo golpe militar de 1964. Jornais, revistas e até a gravação de discos, foram as formas desenvolvidas pelos CPC’s. Organizaram também apresentações gratuitas em comunidades rurais e bairros da periferia urbana, sempre unindo arte e formação política.

Voltando a nossa luta dos dias atuais, e mais especificamente para a Bateria da UJS, que tem a tarefa de apresentar o discurso político da entidade através de ritmos e muita batucada, Patrícia de Matos, diretora de comunicação da UJS, coloca que a intenção, da bateria, não é “reproduzir exatamente o que representou a experiência dos CPC’s ou a experiência do Agitprop no contexto da União Soviética, é entender que as experiências anteriores dizem pra gente que é possível sim que as organizações políticas revolucionárias também sejam laboratórios de experimentação estética, de linguagem e de uma forma de dialogar com a sociedade”, e continua, “eu acho que a bateria, ela é um discurso, por mais que não seja um discurso estruturado em palavras e que não seja um texto e nem nada desse tipo, mas é um discurso, o ritmo da bateria, a forma como ela se organiza, só o fato dela acontecer é também um discurso político e acho que a gente retoma essa possibilidade de ser uma experiencia política, estética e cultural e isso tem a ver sim com experiência do Agitprop, por exemplo, porque essas foram experiências que partiram da política e acho que a bateria representa isso hoje para a UJS”.

O regente nacional da Ritmo da Luta, Samuca Oliveira, nos contou um pouco da formação da experiência, “a Bateria foi criada a dois anos a partir de estudantes secundaristas da Zona Leste da Capital de São Paulo, do Grêmio VAE, Voz Ativa Estudantil e que compunham a UJS”. Samuca afirmou que o acirramento da luta política do país “exigiu que a juventude se incorporasse nos atos com mais intensidade, logo a UJS, com essa turma, se preparou para construir essa importante ferramenta de luta e abrimos os primeiros ensaios pra galera da região metropolitana de São Paulo”.

Para Camila Ribeiro, coordenadora geral do CUCA da UNE, “nossa geração está localizada em uma das mais graves e profundas crises políticas da história do Brasil, e por mais que tenha um sentimento de afastamento do povo com a grande política, porque existe esse sentimento geral que a grande política está muito distante do povo, a nossa geração tem se desafiado a criar linguagens justamente para dar respostas a essa crise de valores, se observamos, por exemplo, no último período, as ocupações das universidades, em muitas dessas ocupações o resultado final foi a criação de grupos de teatro, os próprios atos políticos tiveram participação de muitos artistas, então acho que isso é um sintoma da nossa geração, temos dado respostas criativas, criando estéticas no meio de toda essa confusão. Nesse sentido que a bateria da UJS se posiciona, que comunica e dá o recado de uma outra forma para muita gente. E talvez essa forma de diálogo seja até mais fácil de ser compreendida, de ser assimilada pelas pessoas”.

Para quem quiser participar, os ensaios do próximo sábado (20), acontecem nos estados da Bahia, Rio Grande Do Sul, Distrito Federal, Ceará, Paraná e Rio de Janeiro. Maiores informações podem ser encontradas clicando aqui, página do evento dos ensaios, ou aqui, na página do Facebook e como disse o regente Samuca, “é a UJS no Ritmo da Luta se organizando pelo Brasil dos nossos sonhos”.

Confira os endereços dos ensaios da Bateria na sua cidade:

Rio Grande do Sul
Porto Alegre
Endereço: Parque da Redenção – Centro
Horário: 9hs

São Paulo
Capital e região metropolitana
Endereço: Praça Dom Orione, Bela Vista (Próx. Ao metrô Brigadeiro) – Capital
Horário: 15h30

-Santo André e Ribeirão Pires (SP)
Endereço: Praça do Carmo (ao lado esquerdo da igreja) – Centro – Santo André
Horário: 11hs

Campinas (SP)
Endereço: Praça João Amazonas – Centro
Horário: 14hs

-Baixada Santista (SP)
Endereço: Rua Bororós, 26904 – Vila Tupi, Praia Grande – (Escola Estadual Vila Tupi)
Horário: 14hs

-Peruíbe (SP)
Endereço: Rua 7, n 207 – São João Batista 2
Horário: 14h30

-Caraguatatuba (SP)
Endereço: Praça do Coreto
Horário: 14h

Distrito Federal
-Brasília
Endereço: Parque da Cidade, estacionamento 3
Horário: 11hs

Bahia
Salvador
Endereço: Rua Francisco Ferraro, 45 – Nazaré
Horário: 13hs

Piauí
Teresina
Endereço: Parque da Cidadania, Av. Frei Serafim s/n
Horário: 16hs

Ceará
Fortaleza
Endereço: Praça da Gentilândia – Benfica
Horário: 15hs