Guilherme Boulos: "Michel Temer passou além da conta"

Ao final das manifestações desta quarta-feira (24), que terminaram em repressão generalizada, inclusive com a utilização de tropas do Exército convocadas pelo presidente Michel Temer, o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, afirmou que os movimentos sociais disseram um "basta" a este governo. "O povo não aguenta mais e perdeu a paciência."

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"Michel Temer fez todo tipo de provocação, passou além da conta. Mesmo com esse escândalo que, para dizer a verdade, ele já deveria ter caído, não só não renunciou como também insistiu em botar para votar o projeto que ataca a aposentadoria, além da reforma trabalhista", declarou Boulos na noite de ontem, antes que os integrantes do MTST e da Frente Povo Sem Medo se preparassem para deixar a capital federal com destino aos seus estados de origem.

O líder do MTST responsabilizou ainda a Polícia Militar do Distrito Federal pela violência ocorrida, em ações que classificou como "covarde", como bombas de gás lacrimogênio e de efeito moral sendo lançadas de helicópteros. "Foram três horas naquela Esplanada. Três horas com eles jogando bomba e a gente resistindo, sem arredar pé da frente daquele Congresso."

Foram pelo menos 49 manifestantes feridos, entre eles Vitor Guimarães, militante do MTST, atingido por estilhaços de bomba no rosto. "Pode ter ponto, pode ter ferida, mas eles não vão nos intimidar. Os movimentos sociais não vão arredar o pé até o Temer cair", afirmou Vitor.

A Frente Brasil Popular, em nota, também repudiou a violência ocorrida e afirmou que o uso de forças do Exército denotam a fraqueza do atual governo e que Forças Armadas se "rebaixaram" ao servirem de instrumento político de um governo "moribundo".

"O uso das Forças Armadas, de bombas de gás lacrimogêneo e bala de borracha demonstra a atual fraqueza do governo de Michel Temer e seus aliados, ainda mais instável após as inúmeras denúncias de corrupção que envolvem o próprio presidente."

A CUT ressaltou, também em nota, que ontem o Estado demostrou "falta de preparo" para receber uma manifestação democrática, e que Temer se aproveitou da desordem criada pelas próprias forças de segurança como pretexto para invocar as Forças Armadas, "lembrando os piores momentos da ditadura militar".

"A CUT e as demais centrais não vão esmorecer na luta em defesa dos direitos e da democracia, devendo reunir-se para discutir a continuidade da luta e, continuando a tramitar as reformas, adotar o chamado a uma nova greve geral maior do que paralisou o Brasil em 28 de abril."