Reino Unido: líder trabalhista se aproxima de May em disputa eleitoral

Um dia depois de a primeira-ministra ter marcado o debate entre candidatos às eleições de 8 de junho pela ausência, líder trabalhista acusou-a de não cumprir o que promete. 

Jeremy Corbyn, em Manchester, fala a favor da permanência do Reino Unido na União Europeia

Recebido com aplausos dignos de uma estrela de rock, nesta sexta-feira (2), em Basildon, no condado de Essex, a uma semana das eleições britânicas, Jeremy Corbyn não poupou em seu discurso os conservadores correligionários da primeira-ministra Theresa May.

A última sondagens do instituto YouGov para The Times já coloca Corbyn apenas a três pontos da de May. Mais do que pôr em causa uma vitória dos conservadores nas eleições antecipadas do dia 8 de junho, o que estes resultados – a confirmarem-se – significam é que o Labour, partido de Carbyn, pode deixar a primeira-ministra sem maioria absoluta. Ao antecipar as eleições, May não escondeu o desejo de reforçar a sua maioria de forma a sair reforçada para negociar o Brexit. As negociações para a saída do Reino Unido da União Europeia devem começar no dia 19, 11 dias depois do escrutínio. 

Olhando para a última sondagem, Theresa May arrisca-se a ficar a nove pontos da maioria absoluta. Com 42% dos votos, elegeriam 317 deputados (menos 13 do que em 2015), enquanto o Labour conseguiria 253 (mais 21 do que há dois anos). Os Liberais Democratas (Lib Dem) com 8% das intenções de voto, conseguiriam 10 deputados, abrindo portas para uma eventual coligação com os conservadores. Um cenário que, no entanto, parece muito pouco provável, ou não fosse o partido de Tim Fallon um dos maiores críticos de May e do Brexit.

Fallon foi um dos mais ferozes no ataque à primeira-ministra, única líder ausente do debate de quarta-feira (31). O liberal democrata garantiu: "os bons líderes não fogem do debate. May devia sem dúvida estar aqui". Corbyn, que recusara participar no primeiro debate, decidiu desta vez juntar-se a Fallon, e aos líderes dos Verdes, Caroline Lucas, dos galeses do Plaid Cymru, Leanne Wood, do UKIP, Paul Nuttall. Os nacionalistas escoceses do SNP estavam representados pelo vice-líder, Angus Robertson, e os Tories pela ministra do Interior, Amber Rudd.

Depois de ironizar com a ausência da primeira-ministra no debate – "onde está Theresa May? O que lhe aconteceu?" -, Corbyn partiu ao ataque, lembrando que "deixar a UE sem um acordo é o pior dos acordos possíveis". Se vencer, o trabalhista promete negociar com Bruxelas "um acordo que faça do Reino Unido um centro para as ciências, tecnologia e investigação, atraindo os melhores vindos de todo o mundo".

Recusando afastar uma possível coligação com o SNP, Corbyn disse ainda que um governo trabalhista aprovará "novas regras mais justas para a imigração vinda da Europa, com base no que for melhor para a economia e para as comunidades".

Horas antes, Theresa May recusou dizer se viu o debate. Num discurso sobre o Brexit, a primeira-ministra pediu aos britânicos para a ajudarem a "cumprir a promessa do Brexit. E garantiu que Corbyn "não está à altura" de chefiar o governo.

No centro dos problemas de May está a decisão de alterar a sua política social apenas dias depois de apresentar o manifesto do partido. Com os jovens já mobilizados para votar nos trabalhistas – depois de muitos não terem ido às urnas votar contra a saída da UE no referendo de junho de 2016 -, May pode ter afastado os reformados ao defender que os que têm rendimentos mais elevados deviam pagar para receber cuidados de saúde em casa. Todos exceto os que tivessem bens num valor superior a cem mil libras (incluindo a casa de família).

Rapidamente apelidada de "taxa da demência", esta acabou por ser anulada por Theresa May. Uma reviravolta que a oposição está a aproveitar para atacar a mulher que convocou eleições com o argumento de procurar mais estabilidade. 

O líder do opositor Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, manifestou ainda preocupação pelas futuras negociações do governo britânico para a saída de Reino Unido da União Europeia (UE), processo conhecido como Brexit.

Corbyn disse no discurso de campanha eleitoral em Essex (sul do país) que se Londres e Bruxelas não chegarem a um acordo sobre o Brexit ocorrerá um desastre econômico.

Alertou que um cenário sem pacto, possibilidade contemplada pelo dirigente Partido Conservador, poria em risco os empregos e os padrões de vida dos britânicos.

Defendeu que lutará pelo acesso a uma economia livre de tarifas aos mercados europeus se ganhar as eleições de 8 de junho.

O político pediu apoio a sua candidatura e assegurou que um governo trabalhista garantiria os direitos dos cidadãos comunitários residentes neste país. Como parte da campanha eleitoral, a chefa de governo também pronunciou um discurso nesta quinta-feira em Teesside (nordeste do país). Nessa fala, prometeu um país mais próspero e global depois do Brexit.

A mandatária adiantou o encontro às urnas para reforçar sua posição nas negociações com Bruxelas e ganhar mais tempo para enfrentar o impacto da separação.