Thereza May apresenta programa mesmo sem formar o novo governo

Os trabalhos do parlamento britânico, após as eleições de dia 8, começam nesta quarta-feira(21) com a apresentação do programa do governo, através do tradicional discurso da Rainha. Após a derrota, conservadores continuam sem conseguir acordo parlamentar de suporte ao seu executivo.

Thereza May - Foto: Simon Dawson / EPA

A abertura da nova sessão legislativa do parlamento do Reino Unido, previsto para a semana passada, foi adiado para esta quarta-feira(21) para que Theresa May – a primeira-ministra que perdeu a maioria absoluta nas eleições que convocou, com o objectivo de a reforçar – ganhasse tempo nas negociações com o Partido Democrático Unionista (DUP, na sigla em inglês), da Irlanda do Norte, e garantir assim uma maioria de deputados na Câmara dos Comuns.

No entanto, o discurso da Rainha, através do qual os governos britânicos apresentam o seu programa para a sessão legislativa, vai ser lido nesta quarta-feira pela monarca sem que haja definição sobre o novo governo. Pelo contrário, na terça-feira (20) os dirigentes do DUP avisaram que o acordo de incidência parlamentar não será assinado antes de quinta-feira (22).

O governo conservador de May não deve correr riscos de ver chumbado o seu programa, já que a formação ultra-conservadora da Irlanda do Norte já garantiu que, enquanto Jeremy Corbyn se mantiver na liderança do Partido Trabalhista, não deixará cair o governo dos Tories.

De acordo com o The Guardian, fontes do DUP indicaram que as negociações com os conservadores "não correram como previsto". Já nesta quarta-feira, em entrevista à BBC Radio 4, Damian Green, primeiro secretário de Estado (lugar equivalente ao de primeiro-ministro adjunto), disse que um acordo com o DUP "ainda é possível", já que ambos os partidos têm "muito em comum".

Apesar de o governante ter garantido que o discurso de hoje contém várias medidas de política interna, a imprensa britânica afirma que as medidas mais polêmicas (como o fim das refeições escolares gratuitas ou o "imposto sobre a demência") devem ficar de fora, centrando-se no Brexit e na política de segurança (após vários ataques terroristas no país, nas últimas semanas).

As prioridades do governo são, a partir desta quarta-feira, discutidas na Câmara dos Comuns, onde faltam oito deputados ao Partido Conservador para conseguir a maioria absoluta dos lugares.

John McDonnel, um dos principais aliados de Corbyn na bancada trabalhista, anunciou que o seu partido irá procurar apoios junto das restantes bancadas (inclusive junto de alguns deputados conservadores) para "reverter alguns dos cortes mais perigosos". Os trabalhistas vão apresentar um conjunto de propostas de alteração ao programa do governo.

No movimento sindical, têm-se repetido apelos por parte de dirigentes de várias estruturas para que Theresa May renuncie ao cargo a que se agarrou após 8 de Junho. Recorde-se que as eleições foram convocadas pela primeira-ministra com o objectivo de reforçar a curta maioria de seis deputados que o Partido Conservador tinha na Câmara dos Comuns. May chegou a afirmar que, se o seu partido perdesse seis deputados deixava de ser primeira-ministra.