Meirelles já fala em reduzir estimativa do PIB e aumentar impostos

Pisando no freio do otimismo descabido que reinava no governo, o ministro da Fazenda Henrique Meirelles reconheceu nesta quarta-feira (28) que a economia brasileira crescerá menos que o esperado neste ano. E, ao contrário do que dizia a propaganda pré-golpe, o ministro já admite que poderá haver aumento de impostos. 

Meirelles - Foto: José Cruz / Agência Brasil

Meirelles informou que a equipe econômica vai revisar para baixo a projeção de crescimento econômico para este ano. Ele preferiu não antecipar qual será a nova previsão. "Será um pouco menor do que 0,5%, mas certamente será positivo, maior do que zero. Estará nesse intervalo que nós estamos estudando e vamos divulgar", disse, após participar de evento em São Paulo, mudando o tom de celebração adotado no último período.

Ele afirmou que prefere medir a trajetória do PIB, a partir da evolução do último trimestre de 2017 ante o mesmo período de 2016. A princípio, a expectativa é de que, nessa comparação, houvesse expansão de 2,7%, algo em que o governo não aposta mais.

"Nós mantemos ainda uma projeção de um crescimento na margem, por exemplo, de 'último trimestre contra último trimestre' acima de 2%. Chegamos num determinado momento a 2,7%. Não mudamos essa previsão formalmente, mas, de fato, ela tem um viés de baixa, mas não é algo que será muito abaixo de 2%", admitiu.

Apesar dos indicadores apontarem o contrário, o ministro voltou a falar que já há recuperação do crescimento. "Há pontos fundamentais para o estímulo econômico: o mercado de emprego começou a melhorar, o desemprego parou de subir no sentido de que já houve criação positiva. Embora não seja um número forte, mostra alguma recuperação. Há ainda a inflação caindo sem perspectiva de reversão, permitindo à autoridade monetária dar mais estímulo à economia", apontou, ignorando que a inflação está a cair justamente por causa do cenário recessivo. 

Representante de um governo que foi alçado ao poder sob o discurso da austeridade fiscal, o ministro admitiu, mais uma vez, que pode aumentar impostos como forma de atingir a já bem elastecida meta fiscal deste ano. Significa que, apesar dos cortes de recursos, que atingiram em cheio áreas sociais, o governo tem tido dificuldades em manter a previsão de deficit das contas públicas em R$ 139 bilhões neste ano.

"Já dizíamos naquela época (agosto de 2016) que, se necessário, aumentar impostos para cumprir as metas, nós vamos aumentar, não tenho dúvida", declarou o ministro. Entre as alternativas sempre lembradas na hora de aumentar receitas, o aumento da Cide, imposto que incide sobre combustíveis, voltou a ganhar notoriedade diante das dificuldades fiscais do governo.

Diante da crise política que lança dúvidas sobre a permanência e Michel Temer no cargo, Meirelles descartou deixar a gestão. Para ele, importa mais levar adianbte a agenda de reformas liberais que tanto interessa ao mercado financeiro – sua origem. "Não penso em deixar o governo, estou focado no meu trabalho. Minha agenda é econômica, não é uma agenda política. Faço exatamente parte de uma equipe técnica, com foco econômico e que tem total liberdade para trabalhar", disse.