Governo já admite dificuldades em barrar denúncia contra Temer

O nome do relator que analisará a denúncia da Procuradoria-Geral da República contra Michel Temer deve ser anunciando nesta terça-feira (4) pelo presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG).

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Denunciado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pelo crime de corrupção passiva, com base nas delações dos empresários da JBS, Temer tenta desde a sexta-feira (30), realizar sessão plenária para dar início ao prazo para a apresentação da defesa. Mas não conseguiu o quórum mínimo de 51 parlamentares.

Diante deste cenário, o governo já admite dificuldades e não ter votos para barrar a denúncia. O clima de derrota é tanto, que o presidente da CCJ e correligionário de partido, Rodrigo Pacheco, disse que “é constrangedor para todo brasileiro ter um presidente da República denunciado criminalmente no Supremo Tribunal Federal”. “A pura existência da denúncia já é um fato grave e que tem que ser encarado com a maior responsabilidade possível”, comentou.

A agenda de Temer esta semana é toda dedicada a receber parlamentares, na linha de prometer tudo aos deputados que cotarem com o governo. Mas de acordo com aliados, a conta ainda não fecha, e o Planalto ainda não tem votos suficientes para ter uma vitória nem na comissão.

Segundo fontes próximas ao governo, apenas 30 deputados votam a favor de Temer entre os 66 integrantes da comissão. Há 21 indecisos que têm demonstrado insatisfação com o Planalto e ameaçam se posicionar contrariamente. Temer precisa de 34 votos para garantir que a CCJ recomende o arquivamento da denúncia.

Para piorar a situação, a prisão do ex-ministro Geddel Vieira Lima, braço direito de Temer, cria ainda mais embaraços aos deputados no trabalho de convencimento dos indecisos.

“A prisão logicamente traz mais uma instabilidade política, mais turbulência naquilo que a oposição deverá fazer durante toda a semana”, disse o líder do governo no Congresso, André Moura (PSC-SE). “Não podemos permitir que fatores externos possam ser utilizados na tentativa de trazer um tumulto ainda maior.”

De acordo como regimento interno da Câmara, cabe ao presidente indicar o nome do relator. Na semana passada, Rodrigo Pacheco não disse quem indicará para a relatoria, mas afirmou que busca um parlamentar com perfil “técnico, conhecimento jurídico, relativa independência, além de assiduidade na comissão”.

“É bom que seja um advogado”, afirmou. O relator é responsável por recomendar à CCJ a aprovação ou rejeição da denúncia. No entanto, seja qual for o resultado sugerido pelo relator, a comissão analisará o parecer que, em seguida, será submetido a votação no plenário da Câmara.