Bresser defende que elites também paguem custos das reformas
Em sua página no Facebook, o ex-ministro e economista Luiz Carlos Bresser-Pereira criticou, nesta quinta (06), o sentido das reformas propostas pelo atual governo. Para ele, na cartilha neoliberal, reformar significa "liberalizar, desregular, privatizar, precarizar o trabalho, realizar o ajuste macroeconômico apenas através da redução dos salários, não tocando nos rendimentos dos rentistas". Como contraponto, propõe outro tipo de reformas, cujos custos recaiam não apenas sobre os trabalhadores.
Publicado 06/07/2017 19:44
De acordo com Bresser, a lei da terceirização, a reforma trabalhista e o teto real das despesas (sociais) do Estado "são mera expressão da luta de classes do alto para baixo que as elites financeiro-rentistas liberais fazem contra os trabalhadores e os pobres".
O economista enumera então doze medidas, que ele classifica como novo-desenvolvimentistas e sociais. "Elas envolvem custos, mas não são apenas custos para os trabalhadores; são também custos para os rentistas e para os altos servidores públicos. Não são reformas radicais, mas reformas sensatas que contribuem para a construção de uma nação solidária", escreve.
Entre as reformas apontadas, estão uma reforma monetária, cujo item principal é a tornar o Banco Central responsável não apenas pela inflação mas também pelo emprego; desindexação geral, isto é, emenda constitucional proibindo qualquer indexação legal ou em contrato do qual o Estado brasileiro seja parte; reforma cambial, que crie o Conselho Cambial Nacional, responsável pela política cambial; reforma tributária que torne progressivos os impostos; limitação constitucional dos juros reais a 12% ano; e proibição de qualquer pagamento a servidores acima do teto constitucional.
Bresser-Pereira também sugere, por exemplo, a criação de um imposto sobre a exportação de commodities, variável de acordo com seu preço internacional, com alíquotas estabelecidas na própria lei. Na sua avaliação, tal imposto seria importante para neutralizar a doença holandesa e tornar competitivas as empresas industriais competentes.
Para o ex-ministro, se realizadas essas mudanças, "a taxa de investimento e de crescimento não continuarão baixas, mas aumentarão enquanto a desigualdade diminui gradualmente".