"O BRICS não é sobre economia, é sobre política"
O México, Nigéria, Egito, Argentina e Indonésia devem entrar no grupo de parceiros econômicos e políticos mais próximos do BRICS.
Publicado 19/07/2017 14:02
Segundo a opinião de Georgy Toloraya, chefe do setor de países da Ásia Oriental do Centro de Estudos Pós-Soviéticos do Instituto de Economia da Academia de Ciências da Rússia, isso vai fazer com que a associação ocupe o nicho de novo líder global.
Falando durante uma discussão temática do clube Valdai de Discussões Internacionais, Toloraya ressaltou que a iniciativa da criação da associação BRICS+, proposta pela China, pressupôs desde o início a adesão das economias mais importantes e com desenvolvimento mais dinâmico do mundo.
Toloraya sublinhou que a ideia foi proposta "pelo princípio global, e não regional" e notou que ela não recebeu a aprovação de alguns países do BRICS. "Segundo eu sei, as partes ainda não chegaram a acordo sobre quem serão os parceiros principais (do BRICS) e que países serão convidados ao fórum marcado para setembro em Xiamen. O mesmo se refere à posição dos países convidados."
O encontro recente entre os líderes dos países do BRICS nas margens da cúpula do G20 em Hamburgo também não respondeu à pergunta sobre os prováveis futuros membros do BRICS+.
"Durante um longo período existiu a opinião que o BRICS era principalmente uma associação política. A componente econômica e financeira sempre foi a sua base. Mas atualmente o BRICS depende em maior grau de outros fatores, que são a vontade dos líderes e das elites políticas dos países-membros, que procuram ocupar um lugar mais destacado no sistema de gestão global, tanto no campo político, como no econômico", afirmou o perito.
Toloraya está convencido que apenas a componente econômica dificilmente poderá permitir ao BRICS avançar muito na questão da liderança global, apesar de toda sua importância. "A nova forma de liderança global depende principalmente dos maiores participantes da associação. Os avanços econômicos são baseados no sucesso desses membros em chegar a acordos e em encontrar um compromisso no formato global", disse o analista.
À luz disto, segundo ele, os futuros parceiros mais próximos do BRICS deverão se tornar aqueles países que, primeiro, estão localizados perto dos principais membros da associação. Segundo, eles têm de possuir um peso econômico significativo. "A bem dizer, o Botswana, Lesoto, Afeganistão e Butão não são os jogadores mais importantes do mundo quanto à política e economia. Eles vão trazer menos benefícios ao bloco que países com uma economia mais estável", notou Toloraya.
De acordo com a opinião dele, a lista de países visando se tornarem os principais parceiros do BRICS é bem conhecido: México, Argentina, Nigéria, Egito e Indonésia. "São países muito importantes que, em minha opinião, devem aderir ao BRICS+", ressaltou o especialista.
Toloraya acredita que seria lógico dividir os parceiros mais próximos do BRICS em dois subgrupos: os observadores, que poderão participar das cúpulas da aliança de forma permanente, mas sem direito a voto de qualidade, e também os países parceiros no diálogo.
"Vou repetir mais uma vez: o BRICS não é sobre economia, é sobre política. Quanto mais a situação econômica de algum país está complicada, mais o BRICS está interessado na parceria econômica", concluiu o analista.
BRICS (acrônimo em inglês de Brazil, Russia, India, China, South Africa) é um grupo de cinco países: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. A organização foi fundada em junho de 2006 no Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo, onde participaram os ministros da Economia do Brasil, Rússia, Índia e China. Além de cúpulas, os encontros se realizam a nível de ministros das Relações Exteriores e ministros das Finanças. Os membros do BRICS são caracterizados como países grandes com um desenvolvimento mais acelerado.