"Conversar para sentir a alma do povo", diz Lula ao confirmar caravana
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu entrevista à rádio Som Maior, de Criciúma, Santa Catarina, nesta sexta-feira (28). Ele confirmou a realização de uma caravana pelo país que inicia no próximo dia 17 de agosto pelo Nordeste.
Publicado 28/07/2017 11:27
"Eu vou começar uma viajam pela Bahia e vou terminar no Maranhão. Serão 21 e serão visitados 10 estados. Depois quero fazer no Sul e no Sudeste, no Norte e Centro Oeste", enfatizou Lula, destacando: "Quero viajar o Brasil inteiro de ônibus, de trem, de barco, com um transporte que a gente possa ter mais acesso ao povo e conversar para sentir a alma do povo brasileiro, o que ele está vendo do Brasil e o que ele esta querendo que seja feito".
"A maior aula que tive sobre o Brasil foi viajando o país. Por isso, vou fazer novamente as caravanas. Agora com mais experiência e mais organização para entender as necessidades do povo", frisou.
Ao falar sobre a crise política brasileira, Lula destacou que o golpe está destruindo o país. "O país que fizemos crescer e conquistas a autoestima, está numa decadência. Todos os dias quando eu deito fico imaginando a situação que deixei o Brasil e a situação que está hoje, sobretudo com a democracia ferida. A democracia foi muito arranhada pelo golpe que foi dado contra a presidenta Dilma", destacou.
O ex-presidente reforçou a importância das eleições diretas como saída para essa crise. Reafirmou que sabe como tirar o Brasil dessa situação e que o país deve ser governado por quem gosta do povo – e não por quem tem complexo de vira-latas.
"A melhor coisa que poderia acontecer era o Temer mostrar a realidade do Brasil e convocar as eleições diretas para que o povo escolha livremente quem deve governar o país"., declarou. "Para o Brasil voltar a crescer, é preciso dar crédito e fazer com que o dinheiro circule. Se você ajudar uma pessoa a ganhar R$ 1 milhão, isso vira uma aplicação financeira. Mas se 100 pessoas tiverem crédito de R$ 10 mil, isso vira crédito e consumo."
Questionado sobre o bloqueio de seus bens pelo juiz Sergio Moro, da 13º Vara Federal de Curitiba, e as ilações da grande mídia, Lula afirmou que não deve explicações.
"Ele é que deve explicações", disse. "Eu e o Bill Clinton éramos os palestrantes mais bem-pagos do século 21. A prova da minha inocência é que coloquei esse dinheiro no Banco do Brasil, e não numa conta na Suíça", rebateu.
Sobre a sentença proferida por Moro, Lula disse que está tranquilo por estar ao lado da verdade. "Tenho desafiado a Lava Jato e o juiz Sérgio Moro a apresentarem uma prova material contra mim. Essas sentenças não estão sendo baseadas nos autos do processo e, sim, subordinadas à pressão de alguns setores da imprensa. Eu não cometi nenhum crime nesse país a não ser tentar fazer com que o povo melhorasse de vida", afirma.
Para Lula, tentar evitar que ele seja candidato em 2018 não é a melhor saída. "A melhor forma é tentar arrumar um candidato bom dos outros partidos para não deixar que eu ganhe a eleição. Tentar me impedir de ser candidato não vai adiantar. Quem tem a verdade vai vencer", acredita.
Vida saudável
Lula também falou sobre a sua rotina de exercícios matinais. "Eu faço para tentar sobreviver um pouco mais Todo dia acordo as 5 horas da manhã e faço 7 quilômetros de corrida", contou.
"Na minha idade ou eu me cuido ou a tal da Caetana me leva. O nosso saudoso Ariano Suassuna dizia que a morte se chamava Caetana. Por isso, estou nessa de me preparar para viver muito mais e me preparando para as lutas que precisam ser feitas no Brasil", acrescentou.