Polícia de Alckmin mata cada vez mais em São Paulo

Casos como o do catador de papel Ricardo Nascimento, morto por um policial militar com dois tiros à queima roupa, na quarta-feira (12), em Pinheiros, zona oeste da capital paulista, tem se tornado mais comum do que se imagina. 

Por Marcos Aurélio Ruy


Policia violenta - Foto: Rovena Rosa

Levantamento feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e divulgado nesta quinta-feira (27), mostra aumento da violência policial no estado de São Paulo. Foram 459 mortes violentas cometidas por policiais militares e civis no primeiro semestre deste ano. Esse é o maior número de crimes em 14 anos.

“Esse estudo evidencia o crescimento da truculência policial no estado”, diz Gicélia Bitencourt, secretária da Mulher Trabalhadora da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil em São Paulo (CTB-SP). “As vítimas são, via de regra jovens, negros e pobres”.

Samira Bueno, coordenadora da pesquisa, afirma que essa história de que a redução da criminalidade é fruto da truculência policial é mentira. O “estado e a polícia usam como justificativa que estes casos são desvios individuais de conduta, quando os altos números de mortos pela PM são a evidência de que o problema é muito maior, institucional e estrutural e precisa ser assumido enquanto tal”.

De acordo com o levantamento, 430 mortes foram cometidas por PMs, o restante por policiais civis. “O avanço da crise econômica pode tornar essa situação ainda mais violenta, se o governador Geraldo Alckmin (PSDB) não mudar de atitude e orientar a polícia para a sua verdadeira função que é proteger as pessoas”, acentua Bitencourt.

Já a Secretaria da Segurança Pública (SSP) divulgou afirmou ao G1, que "desenvolve ações para reduzir a letalidade e que, na maioria das vezes, ocorre a partir da ação de agentes de segurança para frustrar crimes contra o patrimônio".

Bueno retruca afirmando que “os números mostram que há pelo menos 15 anos a política tem sido ignorar que centenas de pessoas, em sua maioria jovens e negros, são mortos pela polícia em ocorrências pouco transparentes em que se justifica ‘legítima defesa’, como se todas essas mortes fossem naturais e não pudessem ser evitadas”.