Divisão na base de Temer é combustível para movimentos

“O fato de ter tido na votação de ontem mais que o dobro da representação da oposição no parlamento é uma demonstração que mesmo com liberação de recursos e compensação financeira o governo de Temer não conseguiu manter a base coesa. Isso (A vitória apertada na Câmara) é combustível, sim, para o movimento social”, declarou ao Portal Vermelho Antonio Augusto de Queiroz, o Toninho, jornalista e consultor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap).

Por Railídia Carvalho

Fora Temer projeção no Congresso

Nesta quarta-feira (2), o plenário da Câmara dos Deputados arquivou por 263 a 227 a denúncia de corrupção passiva feita pela Procuradoria Geral da República contra o presidente Michel Temer. Longe do que o governo esperava, a vitória foi apertada. Os votos pela abertura da investigação tiveram o reforço de aliados de Temer.

Toninho vê por trás dos votos dissidentes, a preocupação com as eleições de 2018. Pesquisa feita do Ibope/Avaaz apontou na última semana que 8 em cada 10 eleitores apoiavam a investigação contra Temer. Para 79% dos entrevistados quem votou para barrar a investigação seria “cumplice da corrupção”.

“É importante para o movimento sindical e social lembrar que nas quatro ultimas eleições havia financiamento empresarial de campanha, portanto, os candidatos tinham dinheiro para contratar marqueteiro e cabo eleitoral. Em 2018 não terão mais, e vão ter que convencer o eleitor”, relembrou Toninho.

Na opinião dele, o eleitor que perdeu vários direitos e tem outros ameaçados pelas políticas do atual governo deverá pensar duas vezes na hora de votar. “Nas últimas eleições não havia ameaça aos direitos no horizonte então o eleitor votava irrefletidamente e até trocava o voto por algum tipo de vantagem”.

Dia Nacional de Luta

O presidente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo, defende a organização de um dia nacional de luta para a segunda quinzena de agosto. Para ele é preciso dar uma resposta à altura dos retrocessos impostos ao país pelo governo de Temer.

“Temos que encher as ruas contra o governo ilegítmo, essa é a nossa resposta. Temos grande responsabilidade na condução do destino do país e isso justifica um dia nacional de lutas em defesa da democracia e dos direitos da classe trabalhadora. Não podemos nos dar por vencidos”.

O dirigente analisou que o resultado desta quarta revelou que Temer não está numa zona de conforto. “Pelo contrário, ele usou de mil mecanismos para impor uma maioria absoluta e sua base jogou água”.

Adilson reiterou que a realização de um dia nacional de luta dos movimentos sociais está em sintonia com o momento de enfrentamento e denuncia do desemprego no país (14 milhões de desempregados), da fracassada política econômica do governo e o aumento de impostos.

Para o presidente da CTB, as eleições de 2018 será o momento da prestação de contas dos parlamentares com o eleitorado. “Vai ser uma batalha política. Um momento em que a sociedade vai refletir que não elegeu deputado para abolir direitos, congelar investimentos. A populaão vai despertando de alguma maneira e a maior prova disso são as pesquisas. A maioria considera Temer ilegítimo, imoral e impopular”.