Democracia se faz com igualdade de gênero

O início da tarde de sábado, 5, do XVII Confup foi dedicado à discussão de gênero, com a mesa “Democracia só é possível com igualdade de gênero” que reuniu a professora da UFBA – Universidade Federal da Bahia, Bianca Daebs e a Deputada Federal, Alice Portugal (PCdoB/BA).

Confup mulheres

Bianca Daebs posicionou a mulher no tempo histórico e citou a importância de repensar enquanto cidadãs ativas da sociedade.

“A luta da mulher no mundo moderno se tornou mais forte após a revolução industrial, quando as mulheres que ocupavam postos de trabalho em situações perigosas e insalubres começaram a lutar por melhores condições”, contou.

Em seguida a luta pela representatividade surgiu com a briga pelo direito de votar e ser votada e ainda no final do sec. XVIII pelo direito ao divórcio, já que na época estavam inseridas no mercado e ainda precisavam se submeter aos mandos de seus maridos e relações abusivas.

“Estamos em pleno século XX e as mulheres ainda lutam por direitos civis e sociais. Enquanto mulheres temos direito ao poder político, social e econômico” ,comenta a professora que reafirma que não é um favor a mulher ocupar esses espaços na sociedade, mas sim um direito conquistado com muitos anos de luta.

A Deputada Alice Portugal lembrou que nos últimos anos as mulheres haviam avançado muito, a conquista mais recente foi a aprovação da legislação para a trabalhadora doméstica que é considerado por ela como o último elo de ligação do país com o trabalho escravo.

Alice analisou a situação da mulher em espaços de poder no Brasil, com base em um relatório da ONU. Sobre a presença da mulher no Executivo, o país possui apenas uma mulher em uma Secretaria com Status de Ministério. Na Câmara de Deputados dos 513 deputados, as mulheres são apenas 55. “Estamos na 154 posição, atrás de países como Nicarágua, Belize e o Haiti. Muitas das mulheres que ocupam esses cargos não compreendem o papel do feminismo”. Dos mais de 80 senadores, temos apenas 12 senadoras.

Outro dado apresentado pela deputada é o de que apenas 11% dos mais de cinco mil municípios existentes são comandados por mulheres. Para Portugal, isso se reflete também nas direções sindicais, que são compostas na sua maioria por homens.

“É importante discutirmos a participação das mulheres nos espaços de poder. Além de falarmos de gênero, precisamos discutir diversidade e interseccionalidade*, subverter mecanismos que nos oprimem e educar com valores diferenciados. Temos que erguer a mulher à condição de cidadania que nos foi retirada” – concluiu

*Interseccionalidade (ou teoria interseccional) é o estudo da sobreposição ou intersecção de identidades sociais e sistemas relacionados de opressão, dominação ou discriminação.