Pesquisa da Fiesp mostra que 66% reduziriam investimentos com TLP

Sessenta e seis por cento dos empresários reduziriam investimentos estimados para os próximos dois anos com a mudança na metodologia de cálculo da taxa de juros para empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O dado é de um levantamento realizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), apresentado nesta terça-feira (8).

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“Não é hora de aumentar juros para investimento”, defendeu o vice-presidente da Fiesp, José Ricardo Roriz, ao participar de audiência pública sobre a Medida Provisória 777, que institui a Taxa de Longo Prazo (TLP) no lugar da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP).

A pesquisa da federação foi realizada entre abril e maio deste ano, com a participação de 403 empresas que solicitaram financiamentos do BNDES nos últimos dois anos. Elas responderam sobre o ânimo para investir, caso haja mudança na atual Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), que hoje está em 7%, para uma TLP a 10% ao ano.

De acordo com o Estadão Conteúdo, a Fiesp calcula que a TLP ficaria hoje entre 9% e 9,5% ao ano. Já o secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Mansueto Almeida, disse que a taxa ficaria em 8% ao ano atualmente.

Segundo o levantamento da Fiesp, 37% das empresas cortariam os investimentos em mais de 40% da previsão inicial. 

José Ricardo Roriz avaliou, durante a audiência, que, ao contrário do que faz parecer o governo, a TLP não eliminaria completamente os subsídios implícitos, pois parte do funding do BNDES vem do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), não podendo ser utilizado para outra coisa que não empréstimos do banco.

Sobre as críticas aos financiamentos subsidiados, ele argumentou que o retorno em tributos e dividendos, de R$ 17,5 bilhões, foi maior que o gasto do Programa de Sustentação de Investimento, de R$ 15 bilhões. 

O empresário desafiou o secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Mansueto Almeida, também presente na audiência pública, a explicar o subsídio que é pago aosbancos. “O maior subsídio que se paga é para os bancos”, disse. Ele mostrou cálculos de que o recurso pago aos bancos privados foi de R$ 165 bilhões ao ano, 10 vezes mais  que o dado ao BNDES. 

Para ele, a melhor opção para a taxa do BNDES seria fazer a Selic cair para se aproximar da TJLP e não criar a TLP. "Não satisfeito com a maior taxa de juro do mundo, vamos ter o conforto de ter a primeira e a segunda maiores taxas de juros do mundo. A Selic e a TLP”, criticou.