Temer tenta convencer o mercado que ainda pode cumprir a cartilha

Após a votação que o livrou da investigação por crime de corrupção passiva, mas escancarou o racha na base aliada na Câmara dos Deputados, Michel Temer tenta recompor os votos que perdeu para aprovar a famigerada reforma da Previdência.

Temer Maia e Alckmin - Alan Santos/PR

Na tentativa de buscar apoio do mercado para votar e aprovar as reformas, Temer esteve, nesta terça-feira (8), na abertura do 27º Congresso & ExpoFenabrave, em São Paulo (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores). Com as pesquisas de opinião que o apontam como o presidente mais rejeitado da história, com 95% de reprovação, Termer tenta convercer o mercado que ele poderá cumprir a cartilha de reformas prometida.

O ilegítimo fez o discurso que o mercado quer ouvir, mas que é rejeitado pela população. Disse que aprovar a reforma da Previdência é uma maneira de assegurar que haverá aposentadorias no futuro.

“Esse trabalho em conjunto nos permitiu chegar até aqui”, afirmou Temer aos empresários. No golpe,parte do empresariado liderado pela Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo) ajudaram a financiar o impeachment contra o mandato da presidenta Dilma Rousseff.

Direcionando-se ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que apesar do racha na legenda tem defendido a permanência no governo, Temer disse que o objetivo de seu governo é colocar o país nos trilhos para seu sucessor. Alckmin é um dos que postulam a vaga para disputar as eleições presidenciais de 2018.

“Na verdade, este é um governo, ouso dizer, reformista. É um governo que busca colocar os trilhos no lugar para que quem chegar, governador, em 2018 possa apanhar a locomotiva e caminhar com toda naturalidade”, disse.

Temer afirmou que a Previdência tem um déficit de R$ 184 bilhões e, no ano que vem, será de R$ 205 bilhões. A declaração vem um dia após especialistas afirmarem, em audiência no Senado, que não há déficit na Previdência Social e o que é necessário é uma reforma na maneira de gerir os recursos da instituição.

De acordo com a representante do Instituto Brasileiro de Atuária (IBA), Marília Castro, não há dados e informações organizadas sobre a Previdência, o que dificulta a análise de déficit ou superávit. Para ela, é necessário que a contabilidade da Previdência esteja separada da contabilidade do governo, para que não haja conflito entre os compromissos assumidos e os recursos disponíveis.

"Quais são os pilares importantes? Contabilidade da Previdência apartada da contabilidade do governo. Previdência, Assistência e Saúde devem ter receitas e despesas segregadas. Cada indivíduo deveria ter como número principal o número da Previdência. Precisamos de um banco de dados confiável e específico para cada categoria e plenamente disponível e a garantia de que o financiamento da máquina pública esteja segregado da Previdência", disse.

Temer em SP

É a segunda vez que Temer vem a São Paulo para afagar os tucanos e garantir os votos da bancada na agenda do governo. o governador Geraldo Alckmin e o prefeito João Doria defendem que os tucanos permaneçam no governo para aprovar as reformas.

Na votação da denúncia, a bancada tucana ficou dividida, literalmente na decisão de salvar Temer ou afastá-lo.

Na estratégia do governo, a aprovação da reforma da Previdência é definida pelo núcleo político de Temer como prioridade. Desde a semana passada, ministros de Temer e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), têm repetido publicamente que somente a reforma previdenciária poderá conter o rombo nas contas públicas.

Ao discursar no evento, Maia disse que, somente as mudanças nas regras previdenciárias poderão “acabar com os privilégios”.

“Os privilégios, tanto do setor público quanto do setor privado, que, nós sabemos, se beneficiam do estado brasileiro e não querem mudanças”, disse.

Entre os "privilégios" que a proposta de Temer pretende retirar está a que estabelece a idade mínima para se aposentar, em que os trabalhadores deverão ter 65 anos (homens e mulheres) e 25 anos de contribuição. Atualmente, o trabalhador pode solicitar o benefício por tempo de contribuição, sem que tenha atingido a idade mínima.