Ataque a Barcelona: porque ocorreu dessa forma?

Essa quinta feira (17) foi um dia terrível para a Espanha. Dois ataques terroristas aconteceram: um grande em Barcelona e outro menor em Terrragona. Vamos discorrer sobre o terrorismo e as tendências que ele está apresentando atualmente.

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Às 17 horas da quinta feira (17), uma van atropelou vários pedestres em La Rambla (um dos principais pontos turísticos de Barcelona) deixando 13 mortos e pelo menos 50 feridos. À noite, nesse mesmo dia no município de Cambrils, na província de Tarragona, na Espanha (a 120 km ao sudoeste de Barcelona) quatro terroristas usaram um veículo e mataram uma pessoa enquanto seis ficaram feridas.

Até 2004 na Europa, o terrorismo era combatido como um inimigo interno, sendo proveniente da ação de grupos forjados no seio do próprio continente, como os separatistas ETA, na Espanha, e IRA, no Reino Unido. Contudo, em 2014, a Europa sofreu o primeiro golpe dentro desse novo cenário, com a série de atentados em Madri.

Último caso de terrorismo na Espanha

Esse foi o último caso de terrorismo na Espanha antes dos atentados do da quinta feira(17) mas foi o primeiro terrorismo europeu a ocorrer devido a grupos externos a Europa e não grupos separatistas.

Ocorreu no dia 11 de março de 2004, quando houve dez explosões em Madri no intervalo de três minutos em quatro trens lotados que matou 191 pessoas, além de ferir pelo menos outras 1.430, num dos atentados mais graves da história da Espanha.

Em 12 de março de 2004, o jornal árabe “Al-Quds Al-Arabi”, baseado em Londres, recebeu uma carta na qual o grupo Brigadas de Abu Hafs al-Masri assumiam, em nome da al-Qaeda, a autoria dos atentados.

Porque a Espanha?

O Estado Islâmico sofre principalmente na Síria e no Iraque e a Espanha faz parte da coalizão de países que conduzem operações militares contra o Estado Islâmico nesses países.

O país também é considerada pelos serviços europeus de inteligência um corredor de passagem para militantes do Estado Islâmico que vão ou que voltam do Oriente Médio e do continente africano. Por isso é um local de interesse.

Carros em atentados terroristas

Ultimamente se utilizar de veículos em atentados terroristas se tornou frequente e é uma estratégia que tem maior facilidade logística do que a utilização de explosivos ou armas convencionais.

A seguir ataques com veículos ne Europa que foram reivindicados pelo Estado Islâmico:

14 de julho de 2016, um caminhão avançou em direção a uma multidão de pessoas que assistiam a uma queima de fogos à beira-mar em celebração ao Dia da Bastilha na Promenade des Anglais, em Nice, sul da França. O veículo percorreu cerca de 2 quilômetros e atropelou centenas de pessoas, deixando 84 mortos e mais de 300 feridos.

19 de dezembro de 2016, um terrorista sequestrou um caminhão dirigido por um polonês e conduziu o veículo em direção ao público que frequentava um mercado natalino no centro de Berlim, matando 12 pessoas e ferindo outras 48.

22 de março de 2017 cinco pessoas foram mortas – incluindo um terrorista -, e pelo menos outras 40 ficaram feridas, em frente ao Parlamento britânico, em Londres. Inicialmente, o agressor avançou um carro contra pedestres enquanto dirigia pela Ponte de Westminster, matando duas pessoas. Em seguida, ao chegar na frente do Parlamento.

3 de junho de 2017, em Londres, dois ataques terroristas envolvendo um carro, facas e tiros, num intervalo de 12 minutos, levaram pânico novamente aos britânicos. Na London Bridge, uma van branca subiu à calçada e atropelou pedestres. Os ataques deixaram sete mortos e 48 feridos, 21 deles em estado grave.

Porque pontos turísticos e locais centrais?

Esses atentados tendem a ocorrer em locais turísticos para disseminar mais ainda o medo. A maioria das pessoas que foram à Barcelona foram a Las Ramblas e por isso elas se sentem acuadas, acham que “poderiam ter passado por isso”. Esses locais históricos e turísticos passam a ser lembrados não por suas belezas mas pelo horror ocorrido. Uma testemunha do ataque, Carlos Tenna Gallardo diz:

“Eu estou muito traumatizado, é algo que nunca vou me esquecer, não vou lembrar de Las Ramblas como um lugar bonito que passeava, ria, jogava, que muitas pessoas se divertiam, que você podia ver mil diferentes pessoas, mil diferentes rostos. Agora verei como um lugar de perigo, que pode ser usado para nos machucar”.

A reação no mundo

O Presidente Espanhol Mariano Rajoy se pronunciou dizendo: “Barcelona conta com o afeto e abraço de todos os espanhóis. A cidade seguirá sendo um exemplo de hospitalidade[…]Meus agradecimentos as forças de segurança emergenciais e voluntários por seu trabalho
exemplar[…]Todas as instituições estão unidas para condenar a barbárie. Venceremos o terrorismo

O senador estadunidense Bernie Sanders disse: Meus pensamentos estão com as pessoas de Barcelona, as vítimas desse ataque horrível e suas famílias. Nós temos que nos manter juntos como uma comunidade global para resistir a ameaça do terrorismo e não deixar que essas forças nos dividam.

Antonio Guterres secretário geral das Nações Unidas enviou suas condolências às famílias e amigos das vítimas e ao governo e população espanhola. Desejou rápida recuperação aos feridos e disse esperar que “os responsáveis por esse abominável ato de violência sejam rapidamente levados à Justiça [..]As Nações Unidas se solidarizam com o governo da Espanha em sua luta contra o terrorismo e o extremismo violento”

O premiê chinês Li Keqiang expressou condolências: “A China apoia firmemente a Espanha em seus esforços para combater o terrorismo e defender a segurança nacional, e está disposta a trabalhar com todas as nações, incluindo Espanha, para contribuir conjuntamente para a paz e segurança mundiais”