Congresso CTB: seminário internacional A crise capitalista e o mundo do trabalho. Peter poschen (OIT) - Manoel Porto
O diretor da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil, Peter Poschen, foi o principal porta-voz da entidade nas críticas às reformas trabalhista, já aprovada e sancionada no país, e da previdência, ainda em tramitação. Ele abriu a mesa da manhã que foi mediada pela dirigente da CTB, Gilda Almeida
Poschen apresentou um detalhado mapeamento da realidade trabalhista e econômica no país e destacou a estagnação da indústria e o aumento da desigualdade de renda simultâneo à elevação da concentração de renda.
"Se fizéssemos um retrato hoje, teríamos um país com forte desindustrialização e PIB em queda", diz Poschen, que finalizou sua participação no evento anunciando que a OIT prepara um amplo documento que repensa o papel da organização "na governança dos direitos da classe trabalhadora" e sistematiza soluções e estratégias para lidar com o futuro do trabalho no mundo.
"O trabalho não está acabando – o que precisamos, fundamentalmente, é investir em infraestrutura e em pessoas, sobretudo nos jovens, negros e mulheres", afirmou.
Barbárie
O assessor da CTB Sérgio Barroso fez uma retrospectiva da história da revolução industrial dentro de uma perspectiva marxista e destacou o fato de que os monopólios, desde a sua origem, ampliaram o emprego mas não diminuíram a pobreza.
Em sua exposição, ele lembrou que este mês marca os dez anos da deflagração do colapso imobiliário e da falência do banco Lehman Brothers nos EUA, que desencadearam uma das maiores crises econômicas dos últimos tempos do capitalismo mundial.
"Estamos vivendo ainda o colapso do financiamento do capital", disse Barrroso. O dirigente destacou o papel da CTB como uma organização classista. "O sindicalismo da CTB trabalha na perspectiva da mudança, da visão do futuro". E alertou: "A pespectiva que nos apresentam hoje é a barbárie".
O sindicalista português Augusto Praça, da CGTP-IN é uma liderança do movimento sindical em seu país e participou ativamente das lutas recentes contra a imposição de reformas restritivas aos direitos trabalhistas no país.
Ele discutiu o tema A quarta revolução industrial e o futuro do trabalho e o papel da educação no avanço civilizacional. "Só com trabalhadores qualificados e com altos níveis educação teremos um país mais justo e mais igual, mais desenvolvido, mais competitivo e onde os trabalhadores sejam os sujeitos ativos do seu destino", defendeu Praça.