De Barbara Hammer ao empoderamento lésbico no tapete vermelho

O empoderamento lésbio entrou em evidência no tapete vermelho nos últimos tempos. A grande imprensa chegou a usar o termo “celesbians” (junção das palavras celebrity e lesbian) ao se referir às jovens atrizes de Hollywood que encararam o patriarcado e assumiram sua sexualidade considerada “fora do padrão”. Porém, nada disso seria possível se outras mulheres corajosas não tivessem aberto o caminho lá atrás, e uma delas, sem dúvida, é a diretora Barbara Hammer.

Por Mariana Serafini

Cara Delevigne - AP

Várias atrizes de Hollywood, famosas por protagonizar filmes e séries de maior sucesso de bilheteria, foram enquadradas pelos holofotes não pelo talento, mas pela orientação sexual. Entre elas Cara Delevingne e Kristen Stewart, que encararam de frente a questão e levantaram a bola para outras cortarem. É o momento delas.

Em 2016, Cara travou uma batalha contra a revista Vogue para deixar claro que ser lésbica ou bissexual não é uma “fase passageira”. Já Kristen, que formava com o ator Robert Pattinson o casal “queridinho de Hollywood” e precisou encarar o tribunal das revistas de fofoca para assumir sua sexualidade, hoje evita tocar no assunto, mas não esconde seus relacionamentos, nem tenta se esquivar do tema publicamente.


Barbara Hammer foi a cineasta que mais abordou a questão do amor entre mulheres no cinema


Mas o universo das estrelas do cinema nem sempre foi assim. Por muito tempo a sexualidade feminina foi tema apenas de produções B e a “vida real” não tinha espaço no tapete vermelho quando saísse do “padrão heterossexual”. Uma das figuras mais emblemáticas na luta pelo empoderamento lésbico sem dúvida é a diretora norte-americana Barbara Hammer.

Conhecida internacionalmente como uma das cineastas que mais explorou a cultura lésbica, Barbara Hammer ficou famosa por abordar assuntos tabus sob a perspectiva de uma artista homossexual assumida desde os anos 1960.

Ao longo de seus 90 trabalhos, a diretora também se destacou por conseguir imprimir uma marca estética repleta de experimentações desviantes das convenções narrativas. Entre suas obras mais premiadas e de maior expressão estão Nitrate Kisses e The Female Closet, que resgatam histórias invisibilizadas de casais LGBTs.

No Brasil, a primeira diretora a levar um relacionamento lésbico para a telona quebrou ainda muitos outros tabus. Adélia Sampaio foi a primeira mulher negra a assumir a condução de um filme e para isso precisou encarar a sociedade, sem deixar de lado a dupla função de mãe e dona de casa. Seu filme Maldito Amor trouxe ao cinema nacional, nos anos 80, um relacionamento conturbado entre duas mulheres.

Selecionamentos 5 filmes sobre o tema:

1 – Um belo verão

Nos anos 1971, a França está atravessando a época da liberação sexual e o ápice do feminismo. Neste contexto, Delphine abandona a sua família no interior do país para descobrir a vida intensa em Paris. Chegando à capital, conhece Carole, que vive com o namorado Manuel. Delphine e Carole se aproximam e iniciam uma história de amor.

2 – As Horas

Em três períodos diferentes vivem três mulheres ligadas ao livro "Mrs. Dalloway". Em 1923 vive Virginia Woolf (Nicole Kidman), autora do livro, que enfrenta uma crise de depressão e idéias de suicídio. Em 1949 vive Laura Brown (Julianne Moore), uma dona de casa grávida que mora em Los Angeles, planeja uma festa de aniversário para o marido e não consegue parar de ler o livro. Nos dias atuais vive Clarissa Vaughn (Meryl Streep), uma editora de livros que vive em Nova York e dá uma festa para Richard (Ed Harris), escritor que fora seu amante no passado e hoje está com Aids e morrendo.

3 – Flores Raras

1951, Nova York. Elizabeth Bishop (Miranda Otto) é uma poetisa insegura e tímida, que apenas se sente à vontade ao narrar seus versos para o amigo Robert Lowell (Treat Williams). Em busca de algo que a motive, ela resolve partir para o Rio de Janeiro e passar uns dias na casa de uma colega de faculdade, Mary (Tracy Middendorf), que vive com a arquiteta brasileira Lota de Macedo Soares (Glória Pires). A princípio Elizabeth e Lota não se dão bem, mas logo se apaixonam uma pela outra. É o início de um romance acompanhado bem de perto por Mary, já que ela aceita a proposta de Lota para que adotem uma filha.

4 – Imagine eu e você

No dia de seu casamento com Heck (Matthew Goode), Rachel (Piper Perabo) começa uma amizade com a florista Luce (Lena Headey). A noiva planeja apresentá-la a Cooper (Darren Boyd), amigo do marido, mas Luce revela ser lésbica. As duas passam cada vez mais tempo juntas e Rachel logo começa a questionar seus sentimentos e seu estado civil.

5 – Carol

Vencedor de seis estatuetas do Oscar, o filme traz a história da jovem Therese Belivet (Rooney Mara) tem um emprego entediante na seção de brinquedos de uma loja de departamentos. Um dia, ela conhece a elegante Carol Aird (Cate Blanchett), uma cliente que busca um presente de Natal para a sua filha. Carol, que está se divorciando de Harge (Kyle Chandler), também não está contente com a sua vida. As duas se aproximam cada vez mais e, quando Harge a impede de passar o Natal com a filha, Carol convida Therese a fazer uma viagem pelos Estados Unidos.