"Brics deve melhorar desenvolvimento econômico e segurança global"

Com a 9ª cúpula anual do Brics a realizar-se a menos de duas semanas, um especialista global em BRICS mundialmente reconhecido na Austrália disse que os países membros estão preparados para entrar na posição de liderança mundial.

Por Will Koulouris

BRICS

David Thomas, diretor executivo da Think Global, uma empresa de consultoria com sede em Sydney, falou à Xinhua que os países do Brics estão "entrando no vazio da liderança global" que foi criado pela saída de outros países, particularmente do ocidente, anteriormente associados à liderança mundial.

"O fato de os Brics quererem assumir investimentos através das instituições que estão estabelecendo, tirar algumas decisões dos Estados Unidos e desempenharem o papel de construir a próxima fase da globalização – e a importância da governança por trás disso, é muito significativa," disse Thomas.

A cúpula deste ano será realizada na cidade costeira de Xiamen, na província de Fujian, no sudeste da China, e contará com líderes de países membros e outras nações do mundo. Thomas disse que a maior conquista para a cúpula anual desde sua criação é a forma como reuniu os países.

"São países muito diferentes, com origens históricas e culturais muito diferentes – de modo que o fato de se encontrarem como um grupo a cada ano, não apenas os líderes, mas muitas outras partes de suas equipes de liderança é algo muito significativo," disse Thomas.

Uma das principais formas pelas quais essas nações serão capazes de promover sua cooperação, de acordo com Thomas, é através da Iniciativa do Cinturão e Rota proposta pela China, um grande plano de investimento para conectar a Ásia com a Europa e a África, além de antigas rotas comerciais, criando uma rede comercial e de infraestrutura sem precedentes.

Thomas acredita que a Iniciativa do Cinturão e Rota é um "excelente exemplo" do tipo de empreendimento global em que as nações do Brics podem participar e se beneficiar mutuamente, e disse que sente que essa iniciativa poderia ser um vínculo comum compartilhado pelos países membros para incentivar a harmonia global.

"Os Brics podem se unir e, em particular a Rússia, a Índia e a China – como grandes atores da Iniciativa do Cinturão e Rota. O Brasil pode, obviamente, fornecer muitos recursos e apoio, e acho que provavelmente ouviremos muito sobre isso."

No entanto, essa mesma harmonia entre os países está sendo testada pelo aumento do conflito em todo o mundo, de acordo com Thomas, e ele espera que o que vê como "angústia" dos países ocidentais sobre os países do Brics pode ser resolvido através da demonstração do imenso potencial das parcerias de nível global no modelo “ganha-ganha” entre os BRICS e outras nações.

"A questão agora se resume à liderança, e se os líderes do BRICS podem entrar nesse vácuo de poder e mostrar uma verdadeira liderança para desenvolver harmonia para que não se torne um jogo de soma zero – se todos puderem ganhar juntos, isso poderia contribuir para a harmonia global."

Além do vasto potencial econômico positivo que pode ficar de legado da próxima cúpula dos Bric, Thomas disse que acredita que as nações dos BRICS também devem chamar sua atenção para intensificar seu papel na frente de segurança global – um papel que ele sente que está excepcionalmente bem localizado para alcançar o sucesso.

"Não há dúvida de que o mundo não é mais um lugar tão seguro, como era há 10 anos," disse Thomas.

"Eu acho que nos últimos 10 anos vimos o aumento do terrorismo, vimos o desmantelamento do Oriente Médio e toda a pressão que isso gera sobre os países do ocidente. Em um nível muito fundamental, os líderes do BRICS precisam avançar sobre este vazio e fornecer alguma liderança buscando a segurança global."

Thomas disse que ele vê a cúpula deste ano como um "ponto de inflexão", com o surgimento do protecionismo nos principais mercados do mundo, como Estados Unidos, Grã-Bretanha e partes da Europa, e espera que, quando os líderes dos BRICS se encontrarem em Xiamen em setembro, a mensagem da globalização do mercado livre possa reverberar pelo mundo e criar oportunidades para a prosperidade mundial.

"Os Brics têm que entrar neste vácuo de liderança, eles têm que dar um direcionamento claro sobre o que eles veem como futuro da globalização," disse Thomas.

"Eu acho que se eles conseguirem passar esta mensagem corretamente, teremos neste verão um passo importante para o futuro da economia global".