Correios: Trabalhadores protestam em São Paulo contra desmonte
Convocados pelo Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de São Paulo ( Sintect-SP), mais de 2 mil trabalhadores e trabalhadoras ocuparam, na manhã desta quarta-feira (04), o Vão Livre do Masp para denunciar o processo de desmonte do setor promovido pelo governo Temer com vistas a privatização.
Publicado 04/10/2017 19:04
Coordenador do ato, Ricardo Adriane, o Nego Peixe, secretário geral do Sintect-SP, alertou a população para os planos do governo federal que não realiza concurso público ou contrata há mais de 5 anos. “Além de dar visibilidade a nossa greve, esse ato visa mostrar para a população o processo de privatização do governo Temer, que vem sucateamento o sistema para entregá-lo à iniciativa privada. Portanto, esse ato é em defesa dos Correios e por melhores condições de trabalho para os ecetistas”, afirmou Nego Peixe.
A Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) foi representada pelo secretário nacional de Formação, Ronaldo Leite; e pelo presidente estadual, Rene Vicente, que chamaram a atenção para o programa neoliberal do governo que joga seus tentáculos sobre as estatais brasileiras.
“Os Correios seguem nessa greve nacional e contra o sucateamento da empresa. Ontem fizemos um grande ato no Rio de Janeiro, e hoje em São Paulo para dar visibilidade à situação enfrentada pela empresa, prestes a ser entregue ao capital privado. Precisamos barrar essa iniciativa entreguista desse governo golpista, mas para isso é necessário construirmos uma unidade para que juntos consigamos lutar contra todas essas iniciativas, que inclui as reformas trabalhista e a previdenciária, que ameaçaram direitos historicamente conquistados”, afirmou Ronaldo Leite.
Brasil à venda
Os Correios, empresa pública de 350 anos, estão na mira do projeto de privatizações do governo Temer. Mas antes de entregá-la ao setor privado, apostam no seu sucateamento.
Defensor do Estado mínimo, Temer e seus aliados atacam as conquistas trabalhistas históricas do setor, além de proibição de férias, cortes no plano de saúde e Plano de Demissão Voluntária; e de outro lado deixam de investir em infraestrutura, precarizando e reduzindo serviços para a população que mais precisa, com o fechamento de agências, até mesmo em regiões onde é a única opção bancária.
Só esta semana, foi anunciado o fechamento de mais de 1,8 mil agências que ofereciam Banco Postal nos estados de AL, BA, CE, GO, MT, PE, PI, PR, RN, RR, RS e SP.
Na outra ponta da corda, estão os trabalhadores ecetistas. Em campanha salarial, a categoria está em greve desde o dia 26 de setembro e tenta impedir com todas as suas forças o processo de privatização do setor, desmentindo a alegação do governo de que a empresa está em crise e gerando prejuízo.
Desmontar para privatizar
Para os sindicalistas, a legação de prejuízo é uma falácia e faz parte do plano privatista. “Eles tentam passar a ideia de que os Correios são inviáveis. Mentira. O que é inviável é esse governo. As empresas púbicas são fundamentais para o crescimento do país e a geração de empregos. Assim como nos Correios, esse processo avança em todas as instâncias: federal, estadual, municipal. Também estão ameaçadas estatais em outros estados como a Cemig em Minas, a Cedae no Rio de Janeiro. Em São Paulo, o governo Alckmin tenta privatizar a Sabesp. Doria entrega os parques à iniciativa privada. A luta se dá em todos os campos. E infelizmente, a mais penalizada é a população carente que depende dos serviços públicos de qualidade”, lamentou Rene Vicente, presidente da CTB-SP.
Após o ato político, a categoria saiu em caminhada até o Vale do Anhangabaú, encerrando o protesto em frente ao prédio da Agência Central dos Correios, com o funeral simbólico de Michel Temer, e do presidente da empresa, Guilherme Campos.
Os dirigentes da Federação Interestadual dos Sindicatos dos Correios (Findect), participariam nesta quarta de uma audiência de conciliação no Tribunal Superior do Trabalho (TST), em Brasília. Nesta quinta-feira (05), a categoria volta a se reunir em assembleia, a partir das 10h, no CMTC Clube, para decidir os rumos do movimento.