Luciana Santos: “Lutar pela democracia é defender a nação”
Ao participar em Fortaleza, neste sábado (14), da 18ª Conferência Municipal do PCdoB, a presidenta nacional do PCdoB, deputada federal Luciana Santos, denunciou a política de desmonte e entreguista do governo Temer, reforçou a importância da criação de uma frente ampla e progressista que apontará alternativas para o país e defendeu o fortalecimento do Partido. “O PCdoB nunca se acovardou. É na dificuldade que a gente se agiganta”, ratificou.
Publicado 15/10/2017 10:39
A presidenta nacional do PCdoB iniciou sua intervenção destacando a forte relação afetiva com o Ceará. “Costumo dizer que aqui é a minha segunda terra. Sou sempre muito bem acolhida e tenho com este povo uma identidade de rebeldia e luta. O cearense é um povo inquieto, assim como os pernambucanos”, compara. Citando Bárbara de Alencar e Chico da Matilde, o Dragão do Mar, a comunista relembra cearenses ícones na luta em defesa do povo.
Segundo a deputada federal, com o pós-golpe, a análise política do atual governo é de que a manobra foi dada por um conluio envolvendo diversos atores (partidos reacionários, membros do Judiciário, mídia) que usou o impeachment como ferramenta para interromper um projeto de desenvolvimento popular. “Os 13 anos de governos progressistas de Lula e Dilma caminhavam na direção de fortalecer o Estado brasileiro. Sob o argumento de acabar a corrupção, garantir a estabilidade política e retomar a confiança do mercado, eles interromperam este processo. Mas o que vemos um ano depois é exatamente o contrário do que eles pregavam. Vivemos uma instabilidade política, com crise institucional sem precedentes no país, colocando em risco a própria República”, alerta.
Luciana reforça que, apesar de o Partido ter feito parte do ciclo político virtuoso e contribuído para seu legado, a esquerda como um todo não conseguiu “fazer a revolução”. “Não estávamos no poder, mas no governo, e precisamos tirar lições do golpe. Ajudamos a construir políticas inclusivas como o Bolsa Família, o enfrentamento das desigualdades regionais e o estímulo à geração de emprego, por exemplo, mas não conseguimos enfrentar uma reforma política à altura dos desafios que elevasse a consciência das pessoas. Não conseguimos fazer a disputa no plano das ideias”, avalia.
País pós-golpe
Para Luciana, o atual governo coloca em jogo o papel do Estado, “confrontando se ainda queremos ser uma nação soberana ou se seremos subordinada ao regime capitalista”. “As elites mais uma vez interromperam o projeto nacional de desenvolvimento e popular para impor um conceito de Estado subserviente e mínimo. Em pouco mais de um ano, retrocedemos mais de 60 anos”, compara. Ela cita a ameaça ao Estado Laico, os retrocessos nas políticas de mulheres, LGBTs, negros, as ameaças ao meio ambiente, a privatização da Eletrobras e da Petrobras, o desmonte da ciência e tecnologia, dentre tantos outros. “É avassalador o desmonte do Estado brasileiro”, condena.
“Mas é neste cenário de terra arrasada, de entrega de nossas riquezas estratégicas que nossa resistência política tem que aumentar. O PCdoB nunca se acovardou. É na dificuldade que a gente se agiganta, sempre linha de frente na luta em defesa do país”, considera, ao relembrar o “mensalão” e o próprio impeachment da presidenta Dilma, onde os comunistas foram protagonistas na luta pela verdade.
“Devemos persistir numa saída, buscar superar a agenda ultraliberal, explorar as contradições do lado de lá, apresentar alternativas no campo da democracia, lutar pelas eleições de 2018, criar condições de retomar uma agenda de desenvolvimento e defender um frente ampla para nos reposicionar na cena política”, enumera as prioridades do PCdoB para tirar o país da crise.
Para a presidenta do PCdoB, a legenda deve se apresentar mais e com maior ousadia de ideias, divulgar seu programa, propor e implementar as reformar estruturantes e defender, acima de tudo, a democracia. “A luta pela democracia se confunde com a defesa da nação, do resgate do Estado brasileiro, de um novo projeto nacional de desenvolvimento. Devemos atuar com amplitude, sabendo que temos aliados circunstanciais e estratégicos. Não podemos vacilar, pois é o futuro do país que está em jogo.”
Eleições de 2018
Para além de garantir que em 2018 haja as eleições, Luciana Santos defende a legitimidade de candidaturas de aliados que apresentam conhecimento, história de compromisso com o povo e coerência política. “Acreditamos na legitimidade da candidatura de Lula, que há anos tem sido bombardeado, mas seu legado supera este bombardeio. Defendemos a candidatura de Ciro Gomes, homem que conhece o país, nunca se acovardou e tem lado. Mas ratificamos que até novembro deste ano, o PCdoB debaterá a pré-candidatura à Presidência da República de um quadro no nosso Partido. Precisamos ter mais visibilidade e apresentar aquilo que defendemos para o Brasil”, ratifica.
Questionada se o Partido teria nomes para tal, ela foi enfática: “Quadros não nos faltam, só temos que debater os critérios”. E citou o ex-senador cearense Inácio Arruda, a senadora Vanessa Grazziotin (AM), os deputados federais Jandira Feghali (RJ) e Orlando Silva (SP), o governador do Maranhão Flavio Dino, a deputada estadual Manuela d’Ávila (RS), dentre outros.
Além do cenário político, Luciana reforça a necessidade de uma guinada de combate ao ódio e à intolerância. “Vivemos um retrocesso civilizacional, com radicalização e confrontos na luta política. Durante este processo de construção do nosso 14º Congresso, o PCdoB tem debatido e apresentando alternativas visando reverter este quadro.”
Ao encerrar sua entusiasmada intervenção, a presidenta do PCdoB reforçou que “um dos grandes papeis dos comunistas é levar esperança”. “Temos convicção de que esse mundo tem jeito, de que o país, o Ceará e Fortaleza têm jeito. Temos que sempre reafirmar o tema das nossas teses: ‘faz-se escuro, mas eu canto’. Viva o PCdoB!”.