Ministros voltam à Câmara para reforçar blindagem de Temer
O Diário Oficial da União desta sexta-feira (20) traz a exoneração de oito ministros que estavam licenciados do seu mandato parlamentar para ocupar uma vaga no Executivo. Com isso, eles retornam à Câmara para reforçar a tropa de choque em defesa de Michel Temer na votação da segunda denúncia, marcada para a quarta-feira (25).
Por Christiane Peres
Publicado 20/10/2017 11:41
Assim como na votação da primeira denúncia, Antonio Imbassahy, da Secretaria de Governo; Leonardo Picciani, ministro do Esporte; Ronaldo Nogueira, ministro do Trabalho; Sarney Filho, do Meio Ambiente; Marx Beltrão, do Turismo; Maurício Quintella Lessa, dos Transportes; Mendonça Filho, da Educação; e Bruno Cavalcanti, das Cidades; voltam à Câmara não apenas para votar a favor de Temer, como para pressionar os “aliados” a manterem sua posição. Fernando Bezerra Filho, ministro de Minas e Energia; e Raul Jungmann, ministro da Defesa, também já haviam sido exonerados. Todos eles devem ser renomeados para o primeiro escalão do governo após a votação no Plenário da Câmara.
As exonerações fazem parte das estratégias de Temer para se manter no cargo. Desde a votação na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania o pemedebista vem realizando manobras para se livrar da investigação pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por organização criminosa e obstrução de justiça.
Na comissão, desde a indicação do relator o presidente vem mexendo seus pauzinhos. Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) ignorou o mal-estar em seu dividido partido e ficou na relatoria da comissão pois o próprio Temer havia lhe pedido para aceita-la. Além disso, a famosa dança das cadeiras voltou a acontecer. Segundo a CCJC, foram registradas ao menos 59 movimentações no total.
O governo apostou ainda num acordo para salvar Aécio Neves (PSDB-MG) do afastamento de seu mandato no Senado como forma de garantir apoio dos tucanos na Câmara. Apesar dos entendimentos, o líder do PSDB na Câmara, deputado Ricardo Tripoli (SP), tem negado qualquer acordo e afirmou que os parlamentares de seu partido são livres para votar como quiserem.
A liberação de emendas também voltou a reinar desta vez. Apesar da liberação delas ser obrigatória, o governo vem selecionando e acelerando o cronograma de destinação dos recursos para atender aos deputados da base e garantir os votos contra a denúncia.
Temer também vem atuando mais uma vez para agradar setores ligados ao agronegócio e ao mercado. Esta semana, a Câmara aprovou um misericordioso acordo de leniência para bancos. Além disso, o governo publicou a portaria 1.129/17 que atende à demanda antiga da bancada ruralista, que adoraria ver o combate ao trabalho escravo fragilizado. Dito e feito. A regra, que vem sendo duramente criticada, compromete a fiscalização e põe em risco o combate ao crime.
Apesar das investidas, parlamentares da Oposição têm defendido que Temer anda na corda bamba. Crises em sua base e incertezas de votos favoráveis dada a proximidade das eleições de 2018 podem gerar um resultado diferente do esperado pelo peemedebista.
“Comenta-se que seu poder de fogo diminui nesta votação, o que deixa essa base forjada às custas do dinheiro público inquieta. Entretanto, o fator determinante para a virada de votos é a pressão popular”, afirma a líder do PCdoB, deputada Alice Portugal (BA).