Em dia de votação, base canta vitória e Oposição quer esvaziar Câmara

Depois da liberação de verbas para compra escancarada de votos, edição de medidas provisórias, de tentativa de revogação da Lei Áurea, pressão em “aliados”, enfim chegou o dia “D”. Nesta quarta-feira (25), deputados analisarão a denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Michel Temer e os ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha, e da Secretaria-Geral, Moreira Franco, pelos crimes de obstrução de justiça e organização criminosa.

Por Christiane Peres

Plenário vazio - Reprodução da Internet

Os deputados, segundo ato da Mesa Diretora, irão analisar o parecer do deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) que sugere a rejeição da denúncia contra todos os envolvidos.

Na tentativa de analisar separadamente os casos, parlamentares fizeram questões de ordem na noite de terça-feira (24), mas de nada adiantou. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), negou qualquer possibilidade de fatiamento da denúncia. Segundo ele, aceitar os pedidos seria “interferir nas prerrogativas do Ministério Público Federal e do Supremo Tribunal Federal, que decidiram encaminhar à Câmara uma denúncia única”.

Conforme os procedimentos de Plenário para análise da denúncia, a autorização da investigação pelo Supremo Tribunal Federal (STF) só será concedida se receber o apoio de pelo menos 342 deputados, ou 2/3 do total, que terão se manifestar contrários ao relatório de Bonifácio de Andrada por meio do voto “não”.

Vitória certa X falta de quórum

Após recebimento de benesses e de jantares motivadores, a base de Temer voltou a cantar vitória enquanto os oposicionistas prometem esvaziamento do Plenário para desgastar ainda mais a imagem de Temer.

Em coletiva, na terça-feira, líderes da Oposição definiram que a estratégia para esta votação será evitar que o governo alcance o quórum mínimo, de 342 deputados, para dar início à sessão.

“Se o governo quer votar rápido, nossa tática é exatamente o oposto. Cada dia que ganhamos é menos um voto que Temer tem. Além disso, tem mais delações a caminho. Então, o tempo nos favorece. Nós não podemos perder para um balcão de negócios”, pontuou a vice-líder da Minoria, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ).

Já um dos principais aliados de Temer, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) disse estar confiante na vitória, inclusive com ampliação do placar registrado na primeira denúncia, por corrupção passiva, quando 263 deputados votaram pelo arquivamento das acusações.

“É um clima de certeza da vitória. Temos a expectativa de que vamos fazer mais votos que na outra denúncia”, disse.

Responsável por elaborar planilhas com mapeamentos de votos, o vice-líder do governo na Câmara, Beto Mansur (PRB-SP), estima que o governo terá entre 260 e 270 deputados se posicionando contra a denúncia. Entretanto, Temer precisa de apenas 172 votos para impedir que a denúncia tenha andamento.

Na avaliação do deputado Chico Alencar (PSol-RJ), é “muitíssimo difícil” que a Oposição consiga alcançar os 342 votos para autorização da denúncia, mas disse que ainda há esperança. “Eu avalio que não é impossível o governo perder, ainda que seja muitíssimo difícil termos os 342 votos”, disse.

Prova de que o resultado não está tão definido em favor do governo foi o jantarzinho promovido na casa do vice-presidente da Câmara, Fábio Ramalho (PMDB-MG), na noite de terça-feira. Regado à cachaça, leitoa à pururuca e outros quitutes mineiros, Temer prometeu vitória e reforçou o apelo para garantir presença dos parlamentares, independentemente do voto de cada um para que “o assunto na Casa termine o mais rápido possível”.

A vontade de colocar um ponto final no assunto também sido expressada por Rodrigo Maia. Segundo o presidente da Câmara, “a denúncia é prioridade do Brasil e a Câmara precisa encerrar este assunto com qualquer resultado que seja”.