Publicado 01/11/2017 12:23
A frente reforça o racha na base aliada do governo de Michel Temer em um momento em que tenta se reorganizar para votar pautas de interesse.
Organizada por parlamentares do PMDB, partido de Temer, a frente atende ao pedido de associações diversas de técnicos e servidores em defesa de Furnas Centrais Elétricas – subsidiária da Eletrobras e uma das maiores do setor elétrico no país.
O autor do requerimento de criação da frente é Leonardo Quintão (PMDB-MG), que é cotado para ser ministro do governo. Mesmo assim, admite que “não tem como não ser contrário à privatização”.
“A envergadura de Furnas nos exige encampar qualquer batalha para que essa empresa importantíssima para o Brasil continue pertencendo ao Brasil”, disse Quintão.
Outro que faz parte da frente, o deputado Domingos Sávio (PSDB-MG), afirmou que “defender Furnas é defender o interesse do Brasil e especialmente de Minas Gerais, berço desta importante empresa estratégica para nosso país”.
Energia de 63% dos lares
A polêmica toda começou porque, em agosto passado, o governo anunciou a inclusão de 57 projetos no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). Do pacote, constam estradas, portos, aeroportos e empresas públicas como a Eletrobras.
Segundo informações de representantes da Asef, o parque transmissor de Furnas concentra mais de 24 mil quilômetros de linhas e 71 subestações, e é responsável por quase 10% da energia produzida no país. O complexo é formado por 20 usinas hidrelétricas, duas termelétricas e três parques eólicos.
“Estamos aqui para dar início a essa mobilização e concentrar todos os esforços para impedir que a privatização das subsidiárias da Eletrobras se concretize”, afirmou o engenheiro José Nivaldo Santos, que está desde a noite de domingo em Brasília para acompanhar o lançamento e percorrer gabinetes no intuito de conversar com os parlamentares sobre a questão.
A intenção dos deputados e senadores integrantes da Frente é que a partir do seu lançamento possam se engajar ao movimento ex-parlamentares e outras frentes com o mesmo objetivo existentes em assembleias legislativas e câmaras de vereadores de todo o país.
‘Sanha devastadora’
O deputado oposicionista Patrus Ananias (PT-MG), responsável por ações que tentaram impedir a privatização da Cemig e criador da Frente Nacional de Defesa da Soberania Nacional, que também atua contra as privatizações, afirmou ontem que o momento é de resistência “aos golpistas e à sanha devastadora de direitos, sobretudo, das brasileiras e dos brasileiros pobres”.
“O governo golpista está impondo ao Brasil a agenda do desmonte de direitos, de conquistas sociais e da soberania nacional. Não podemos permitir isso”, destacou Ananias.
O senador Roberto Requião (PMDB-PR) disse que se a privatização da Eletrobras e de suas subsidiárias for concretizada, aumentará o risco de racionamento de energia elétrica no Brasil. Ele observou que todos os países desenvolvidos consideram a energia como uma área estratégica e citou exemplos, como China e Estados Unidos, onde o Estado possui controle sobre a produção de energia “por considerarem que a soberania passa pela necessidade de ter domínio sobre os fatores que influenciam o desenvolvimento”.
“Não é racional privatizar por R$ 20 bilhões uma empresa que tem como recebíveis R$ 40 bilhões, ativos de R$ 400 bilhões e receita líquida anual de R$ 60 bilhões”, ressaltou o senador.