Jucá compara Temer a Mister M, o traidor dos mágicos

Na tentativa de mostrar que o governo ainda tem fôlego, apensar do esfacelamento da sua base aliada, líder do governo no Senado e presidente do PMDB, Romero Jucá (PMDB-RR), em seu conhecido estilo bravateiro, disse nesta terça-feira (14) que Michel Temer fez mágica na economia fazendo mais “do que Mister M e David Copperfield”.

Por Dayane Santos

Temer e Mister M - Reprodução

“O presidente Michel Temer fez mágica, fez muito mais do que Mister M e David Copperfield”, disse Jucáao ser questionado por jornalistas sobre a situação do PSDB, que está dividido sobre a permanência ou não na base governista.

A comparação de Jucá revela muito mais de Temer do que ele imagina. Mister M era considerado como um traidor dos mágicos por revelar os segredos dos truques. Temer também é considerado como traidor por ter conspirado com a oposição e dado um golpe contra o mandato da presidente eleita Dilma Rousseff, em 2016.

O verdadeiro nome de Mister M era Leonard Montano. Usava uma máscara para manter a sua identidade oculta e não sofrer represálias. No Brasil, Mister M fez sucesso na TV Globo, mas acabou com o emprego de muitos profissionais – assim como faz Temer com sua agenda de destruição nacional e reforma trabalhista -, chegando até gerar processos na Justiça por conta dos prejuízos causados pelas revelações do traíra.

A Globo foi condenada a indenizar 21 mágicos gaúchos que perderam o emprego depois que Mister M ensinou os truques de mágica na TV.

Ilusionista e mentiroso

David Copperfield era um ilusionista norte-americano que também ganhou notoriedade ao apresentar seus truques na TV, fazendo desaparecer a Estátua da Liberdade, levitar sobre o Grand Canyon, escapar de uma camisa de força pendurado sobre chamas acesas e atravessar as paredes da famosa Muralha da China.

Assim como Temer, Copperfield ganhou fama por contar histórias para distrair o público enquanto praticava seus truques. Uma demonstração do estilo Temer Cooperfield é a peça publicitária do programa "Avançar", lançado na semana passada que nada mais é que uma uma versão falsificada do PAC (Programa de Aceleração de Crescimento), já que o corte no programa foi de R$ 7,5 bilhões.

"Agora a coisas estão melhores, os preços já não sobem como antes, a inflação está caindo e a produção cresce sem parar", diz a propaganda de Temer, no mesmo mês que anunciou a redução do aumento do salário mínimo, aumento do gás de cozinha e aumento da tarifa de conta de luz, sem falar nos combustíveis.

Nessa toada ilusionista, Romero Jucá garante que o "legado econômico" de Temer – que até agora só produziu desemprego, desmonte do Estado e rejeição popular recorde – será uma das “espinhas dorsais” das discussões eleitorais em 2018 e que o PMDB “não vai ficar órfão da defesa desse legado”.

“Se não tiver ninguém para defender [o legado econômico], o PMDB vai lançar candidato à Presidência da República”, disse o peemedebista. A julgar pela corrida para abandonar a nau de Temer, a projeção de Jucá deve se confirmar.

não é à toa que com a saída do tucano Bruno Araújo do Ministério das Cidades inaugurou uma nova etapa da crise entre o governo e os tucanos, que racharam sobre o apoio a Temer.

Jucá afirmou que a saída do tucano apenas precipitou a reforma ministerial que estava nos planos de Temer. Mas o fato é que a tal reforma só aconteceu porque os partidos de queixavam do fato do PSDB, fiador do golpe, ainda ter prestígio no governo, mesmo com boa parte da bancada votando pelo prosseguimento da denúncia e contra o governo.

Ele disse ainda que o redesenho da Esplanada dos Ministérios deve acontecer até o fim do ano e que será discutido com os partidos da base aliada de forma a conquistar, no Congresso, votos favoráveis a projetos prioritários para o Planalto.

“É uma reforma ampla. São 17 ministérios que ficarão vagos no prazo que o presidente determinar. Então cabe ao presidente, agora, começar esse processo. Nós temos que ocupar os espaços com bons nomes. Os nomes serão escolhidos pelo presidente, mas ele levará em conta critérios técnicos, políticos e administrativos”, afirmou.