Violência no Complexo do Alemão, no RJ, afeta mais as mulheres
As mulheres moradoras do Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro, se sentem menos seguras que os homens na comunidade por causa da violência. É o que mostra o estudo “Ninguém entra, ninguém sai. Mobilidade urbana e direito à cidade no Complexo do Alemão”, do Brics Policy Center, organização vinculada ao Instituto de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
Publicado 14/11/2017 18:39
Segundo o levantamento, os impactos da militarização da vida na favela são sentidos de forma diferente dependendo do sexo do morador: 46,4% das mulheres entrevistadas disseram não se sentir seguras na comunidade por conta dos constantes tiroteios. Entre os homens, o percentual é 34,2%. A pesquisa ouviu 163 pessoas.
“A diferença entre o índice de sensação de insegurança proporcional entre mulheres e homens é sintomático de como a sensação de (in)segurança, em um contexto de violência extrema, é atravessada por um corte de gênero significativo, na qual as mulheres se sentem mais vulnerabilizadas que os homens”, diz a publicação.
Mobilidade
De acordo com o estudo, o ônibus é o meio de transporte mais utilizado pelos moradores do Complexo do Alemão para o acesso à cidade: 52,2% dos entrevistados responderam que utilizam ônibus; 12,4% usam mototáxi; 12% kombi; 10% carro; 7,2% metrô ou trem; 4,3% moto; 1% bicicleta e 1% anda a pé.
Apesar de ser o meio de transporte mais utilizado, 29,1% dos entrevistados afirmaram ser o ônibus de péssima qualidade; 17,28% disseram ter uma qualidade ruim; 34,57% responderam ser regular; 16,67%, boa e apenas 2,47% disseram ser ótima.
Segundo a pesquisa, muitos entrevistados se queixaram que com a reestruturação de algumas linhas que ligavam a zona norte à zona sul do Rio, muitos ônibus que passavam nas adjacências do Complexo do Alemão mudaram de rota e não chegam até a zona sul, fazendo com que o morador tenha que pegar mais de um ônibus para chegar a essa região da cidade.
“Em outras palavras, mais da metade dos entrevistados têm um acesso ao serviço público de transporte cada vez mais precarizado, o que contribui para restringir não só a qualidade destes serviços, mas, sobretudo, a qualidade do seu acesso à cidade do Rio de Janeiro”, aponta o texto.
Ao serem perguntados sobre o meio de se locomoverem dentro do Complexo do Alemão, 47,8% dos entrevistados afirmaram andar a pé para ir de um lugar ao outro da comunidade; 31,3% disseram utilizar mototáxi; 9,3% afirmaram usar kombi; 3,8% utilizam carro próprio; outros 3,8% usam bicicleta; 0,5% moto e 3,3% não responderam.
“A comunidade não conta com o serviço público de transporte coletivo e recorre a outros meios que suprem a falta de ônibus dentro dos limites territoriais da comunidade”, mostra o estudo.