Temer coloca braço direito de Cunha na articulação do governo

Na tentativa de aprovar ainda este ano a reforma da Previdência, Michel Temer tenta recompor a base aliada e agradar os descontentes. Depois de uma conversa com o principal fiador do golpe, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), nesta quarta-feira (22). Temer decidiu mudar o articulador político do Palácio do Planalto, nomeando o deputado Carlos Marun (PMDB-MS), que integra a sua tropa de choque, para ministro da Secretaria de Governo em substituição ao tucano Antonio Imbassahy (BA).

Marun e Cunha - Agncia Brasil - Agência Brasil

Antes de pertencer a tropa de Temer, Marun integrava as fileiras do então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), hoje preso pela Lava Jato.

Fontes do Planalto dizem que para assumir como ministro, o peemedebista teria se comprometeu com Temer a não disputar a reeleição para deputado federal no ano que vem e, assim, não desagradar o chamado Central.

No entanto, Marun está com o seu filme queimando há algum tempo. Deputado pelo Mato Grosso do Sul, Marum fazia questão de defender o ex-presidente da Câmara publicamente, além de votar contra a cassação dele.

Mesmo após a prisão de Cunha, Marun manteve a sua fidelidade e foi acusado de utilizar verba da Câmara para visitá-lo, no final de 2016, na prisão em Curitiba, no Paraná.

Em apoio a Temer, a única coisa que não fez foi exibir uma tatuagem. Após a Câmara rejeitar a segunda denúncia, o parlamentar cantou e dançou, parodiando uma canção de Benito de Paula, comemorando o resultado da votação. O compositor rechaçou a dancinha, a classificou como um deboche.

Antes do anúncio de Marun, o governo já havia informado a nomeação do novo ministro das Cidades, Alexandre Baldy. Ambos devem tomar posse numa mesma cerimônia aina nesta quarta.

A saída do tucano Imbassahy da pasta já era esperada. Deputados do PMDB e do "Centrão" exigiam a cabeça do ministro tucano por conta da infidelidade de parte da bancada tucana nas votações da denúncia contra Temer.

No entanto, havia a possibilidade de que ele ainda iria permanecer no governo, sendo deslocado para outra pasta, como a dos Direitos Humanos, atualmente comandada por outra indicada do PSDB, a ministra Luislinda Valois.