Crescimento de 0,1% do PIB é balde de água fria e denota estagnação

O resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre do ano com crescimento de apenas 0,1% frustrou as expectativas mais otimistas quanto a uma esperada recuperação mais rápida da economia.

Por Antonio Corrêa de Lacerda* e André Paiva Ramos**

O austericídio da PEC 241/55 chega aos estados - Valter Campanato/Fotos Publicas

A agropecuária apresentou uma queda de 3,0%, enquanto que indústria com 0,8%, e serviços, 0,6% tiveram crescimento:

Depois de dois anos de recessão, 2015 e 2016, nos quais o PIB acumulou uma queda de 7%, 2017 aponta para uma estagnação. A questão é que faltam vetores para acelerar o crescimento. O investimento, cujo nível atual é de cerca de 30% inferior a 2013, antes da crise ainda enfrenta desafios.

Na esfera pública, a crise fiscal tem feito com que os desembolsos nos âmbitos federal, estadual e municipal sejam os mais baixos da historia. Já na esfera privada, o crédito caro e escasso dificulta o financiamento de novos empreendimentos por parte das empresas, que, além disso, especialmente na área industrial conta com elevado nível de ociosidade.

Todos os elementos apontados denotam um quadro de recuperação ainda lenta da economia brasileira, que tampouco será automático. Em 2017, o crescimento do PIB deve ser de apenas 0,5%, podendo se acelerar para 2,0% ou 2,5% em 2018, a depender de mudanças na politica econômica e tomada de medidas para estimular a atividade.

Assim, o nível atual da economia brasileira se revela muito longe do já alcançado em 2014, antes da crise. O PIB é 7% inferior, a indústria 10,7% mais baixa e os investimentos 26% abaixo de 2014!

*Antonio Corrêa de Lacerda, economista, doutor pelo IE/Unicamp, é professor-doutor do Programa de Estudos Pós-graduados em Economia Política da PUC-SP. Sócio-diretor da ACLacerda Consultores.
**André Paiva Ramos, economista, mestre em economia politica pela PUC-SP, professor da Universidade Federal de Alfenas (Unifal) e consultor da ACLacerda