Às vésperas do recesso, reforma da Previdência pode subir no telhado

O governo e seus aliados têm mudado o tom do discurso, tentando passar confiança sobre a aprovação da reforma da Previdência ainda em 2017. No entanto, o tempo não ajuda e Temer tem menos de duas semanas para conseguir os 308 votos necessários para aprovar a mudança ou deixar para retomar o tema em 2018.

Temer - Reprodução da Internet

O recesso parlamentar terá início no próximo dia 22. Até lá, na expectativa de poder pautar a matéria caso consigam os votos, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), já anunciou um calendário com votações em quase todos os dias. No entanto, o parlamentar tem sido cauteloso no que se refere a datas para votação da PEC 287/16.

Ao chegar à Câmara dos Deputados nesta quinta-feira, Maia reconheceu dificuldades em conseguir o apoio necessário para votar a reforma da Previdência ainda em 2017, mas afirmou que seguirá trabalhando para construir o “ambiente ideal” para votar a PEC o quanto antes.

“Está difícil chegar ao número de votos para pautar a reforma, mas vamos chegar lá. Vamos discutir o tempo que for necessário para votar. Tenho muita esperança que esse trabalho que estamos fazendo para convencer os parlamentares vai surtir efeito”, disse.

Na noite de quarta-feira (6), Temer reuniu ministros, deputados e senadores da base para contabilizar votos. Mas ainda não possui o número necessário. De acordo com o deputado Beto Mansur (PRB-SP), o governo tem 260 votos favoráveis à PEC, mas Temer, segundo ele, quer “votar na certeza”, quando tiver 325 votos.

Chantagem para aprovação

De acordo com Mansur, Temer tem usado o discurso do fim dos privilégios para pressionar os deputados indecisos a votar com o governo. “O presidente foi muito claro [com os deputados]. Qual é a resposta que o deputado vai dar à sociedade brasileira votando contra a reforma? Que ele está mantendo privilégios?”, contou.

A pressão se justifica porque Temer sabe que se o texto ficar para 2018, a dificuldade de aprovação será ainda muito maior, visto que é ano eleitoral e boa parte da base já está reticente ao tema por conta do pleito.