Temer pode liberar R$ 21,8 bi para aprovar desmonte da Previdência

Assim como fez para se salvar das denúncias na Câmara, Temer está disposto a abrir os cofres públicos para acabar com a Previdência Social. Os recursos são oriundos de renúncias fiscais, distribuição de verba para cidades e pagamento de emendas dos congressistas ao Orçamento.

temer - Reprodução da Internet

O governo já se comprometeu a repassar R$ 2 bilhões aos municípios ainda neste ano e diz que, caso seja aprovada a Previdência, repassará mais R$ 3 bilhões em 2018. Também foram empenhados R$ 420 milhões em emendas desde a votação da segunda denúncia, sem contar R$ 1,4 bi que ainda restam para empenhar no Orçamento deste ano. Além disso, tem o perdão de dívidas dos ruralistas – o texto caducou como MP, mas a bancada já tem um PL pronto para ser votado com mesmo teor. Com isso, lá se vão R$ 15 bilhões. Fora da conta ainda tem o Refis das micro e pequenas empresas do Simples Nacional. Apesar de não ter estimativa fechada, textos publicados na imprensa somam um valor em torno de R$ 8 bilhões, em 15 anos.

Com isso, Temer espera conseguir os parlamentares da base que ainda estão resistentes à votação da PEC 287/16. Desde terça-feira (5), o governo vem dando um tom mais otimista à sua ofensiva em prol das mudanças nas regras previdenciárias. No discurso, Temer já chegou a apostar que o texto será votado na próxima semana.

Café para mudar votos e conversa com PSDB

Para continuar sua pressão, na manhã desta quarta-feira (6), o presidente promoveu um café da manhã no Palácio da Alvorada com líderes da base para contar votos. A expectativa é que os partidos fechem questão em torno do tema, apesar de haver resistências dentro do próprio PMDB, que havia anunciado a intenção na terça-feira (5).

Após o café da manhã, o relator da proposta, deputado Arthur Maia (PPS-BA), e Marcelo Caetano, secretário da Previdência Social, devem se reunir com a Executiva do PSDB e a bancada do partido.

A ideia é garantir o apoio da legenda à reforma, mesmo que os tucanos desembarquem da base aliada, anúncio que está previsto para o próximo dia 9. Sem os votos do partido, possivelmente Temer não consegue aprovar a reforma no Plenário.

Pressão não vai colar

Apesar da ofensiva do governo, um dos principais articuladores de Temer nesse processo, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), repetiu que só pautará o tema com a certeza dos votos favoráveis.

Maia disse entender a estratégia do governo, mas afirmou que não existe um único responsável pela vitória ou derrota de uma proposta do tamanho da Reforma da Previdência. “Não adianta atropelar”, disse.

Para aprovar a reforma, o governo precisa de 308 votos favoráveis à matéria.