Renata Mielli: "Os barões midiáticos não falam mais sozinhos"

A jornalista Renata Mielli, coordenadora do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) e Secretária-Geral do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, destacou a importância da comunicação pública em uma entrevista concedida à TV 247 na última quarta-feira (6).

Renata Mielli - Clécio Almeida

Renata afirmou também acreditar que a TV Globo, alvo de denúncias de pagamento de propina em processos nos Estados Unidos, não é investigada no Brasil por conta do "apoio irrestrito que deu à Operação Lava Jato e a setores do Ministério Público e do Judiciário. Existe uma aliança. Para mim, claramente existe. Os cabeças dessa operação política têm um acordo".

A emissora, em sua avaliação, passa pelo "pior momento de sua história". "Os barões midiáticos não falam mais sozinhos. As redes sociais, as mídias alternativas, os blogs, sites, mesmo a TV pública, sendo atacada como tem sido, iniciaram um processo de construção de uma outra perspectiva jornalística, de discutir os temas da sociedade a partir de um outro olhar. Se não fosse isso o [jornalista William] Waack estaria sendo na bancada até hoje", observa, apontando ainda outros fatores para as dificuldades da empresa dos Marinho.

A jornalista concorda que a campanha da Globo contra Temer foi uma prova de que a emissora ainda pode muito, mas não pode tudo. "A Globo derrubou vários presidentes, elegeu tantos outros e tentou derrubar mais um presidente. Eles realmente queriam colocar alguém ali que limpasse o golpe. Porque o Temer é a cara do golpe. Mas deram a cartada sozinhos, nem todos os veículos de comunicação entraram, e não conseguiram", afirmou.

Renata criticou a permanência de Laerte Rimoli no cargo de presidente da EBC (Empresa Brasil de Comunicação) mesmo depois de ter debochado do discurso da atriz Taís Araújo contra o racismo ao compartilhar memes no Facebook. "É um absurdo, nós exigimos sua saída", disse. "Até a Globo afastou o Waack. Esse governo se considera acima do bem e do mal", completa.

A coordenadora do FNDC também fez uma avaliação sobre a gestão dos governos do PT no setor da comunicação: "um equívoco, um erro político gravíssimo, perderam uma oportunidade histórica".

"Houve uma primeira fase no governo Lula de incompreensão completa dessa agenda, algo que existe até hoje. Acho que houve uma ilusão de que seria possível criar um projeto de desenvolvimento para o Brasil com distribuição de renda, soberania nacional, em aliança com os meios de comunicação. Depois acho que não houve força política, coragem para enfrentar o problema", detalhou.