Analfabetismo entre pretos e pardos dobra em relação aos brancos

Em 2016, o Brasil registrou 11,8 milhões de analfabetos. A taxa de analfabetismo das pessoas com 15 ou mais anos de idade foi estimada em 7,2% segundo os dados sobre educação da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua): Educação, divulgados nesta quinta-feira (21) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Educação - Arquivo Agência Brasil

Os dados divulgados nesta quinta-feira (21) pelo IBGE apontaram que o analfabetismo é mais agudo entre pretos e pardos, onde a incidência de analfabetos é mais que o dobro do que entre brancos em todas as regiões do país. Entre os pretos ou pardos, 10 em cada 100 eram analfabetos.

Já na população de cor branca o número de analfabetos é menor. Quatro em cada 100 pessoas eram analfabetas. 

De acordo com a analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE, Helena Oliveira Monteiro, a pesquisa mostra a continuidade das diferenças regionais e a desigualdade por cor ou raça. “Historicamente, pessoas brancas têm mais acesso à escola. Isso está associado à renda, que produz maior oportunidade de acesso ao ensino”, disse a pesquisadora.

A taxa de analfabetismo estimada por faixa etária, com 15 anos ou mais de idade no Brasil, foi de 7,2% (11,8 milhões de analfabetos). Esse percentual apresentou relação direta com a faixa etária, aumentando à medida que a idade avançava, até atingir 20,4% entre as pessoas com mais de 60 anos.

No país, a taxa de analfabetismo para os homens de 15 anos ou mais de idade foi 7,4% e para as mulheres, 7%.

A situação se agrava com o avanço da idade. De cada dez pessoas pretas ou pardas com 60 anos ou mais, três são analfabetas. Entre os brancos, há apenas um idoso analfabeto a cada dez.

Regiões

Segundo o IBGE, o Nordeste apresentou a maior taxa de analfabetismo (14,8%), índice quase quatro vezes maior do que as taxas estimadas para o Sudeste (3,8%) e o Sul (3,6%). No Norte, a taxa foi 8,5% e no Centro-Oeste, 5,7%. A meta 9 do PNE para 2015 só foi atingida nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.

Para a analista do IBGE Marina Aguas, as políticas públicas de redução do analfabetismo devem focar as regiões Norte e Nordeste.

Ainda de acordo com a pesquisadora, os dados são importantes para fomentar políticas públicas para a redução do analfabetismo.

Nível de instrução

No Brasil, 51% da população de 25 anos ou mais tinham até o ensino fundamental completo ou equivalente em 2016; 26,3%, o ensino médio completo, e 15,3%, o superior completo.

Considerando a cor ou raça, as diferenças no nível de instrução são significativas: enquanto 7,3% das pessoas brancas não tinham instrução, 14,7% das pessoas pretas ou pardas estavam nesse grupo. Situação inversa ocorreu no nível superior completo: 22,2% das pessoas brancas tinham esse nível de instrução, ao passo que entre as pretas ou pardas a proporção era de 8,8%.

No ano passado, o número médio de anos de estudo das pessoas com 25 anos ou mais foi oito. As regiões Nordeste e Norte ficaram abaixo da média nacional, com 6,7 anos e 7,4 anos respectivamente, enquanto as regiões Sul (8,3 anos), Centro-Oeste (8,3 anos) e Sudeste (8,8 anos) situaram-se acima da média.

Metas

A meta 9 do Plano Nacional de Educação (PNE), lei sancionada em 2014, previa a redução da taxa de analfabetismo para 6,5%, em 2015 no país, o que não foi alcançado, conforme mostra a pesquisa.