4 em cada 10 brasileiras relatam assédio mas número pode ser maior

Na rua, no trabalho, negras e não negras, quatro em cada dez mulheres brasileiras afirmaram a pesquisa Datafolha que sofreram assédio sexual. Em matéria publicada neste sábado na Folha de S.Paulo, especialistas afirmam que as estatísticas podem esconder um número maior de assediadas. O motivo é o desconhecimento sobre o que é o assédio e também o temor das mulheres em fazer a denúncia.

Campanha contra assédio sexual

Na opinião de Juliana Faria, fundadora da ONG Think Olga, “O assédio sexual tem um problema que é a falta de entendimento de que ele é uma violência. As mulhres vivenciam isso, mas entendem que é algo que faz parte de ser mulher. Essa identificação precisa ser trabalhada”.

A pesquisa mostrou que 29% do assédio ocorre na rua, 22% no transporte público, 15% no trabalho, 10% das pesquisadas relatam assédio na escola ou faculdade e 6% em casa. Os tipos de assédio podem ter atingido uma mesma entrevista, relatou a matéria. De acordo com a promotora Maria Gabriela Manssur, falta acesso à informação. “A alta de campamhas educativas, de acesso à Justiça e de coragem para denunciar entre as mais pobres influencia. Elas podem perder o emprego, além de sofrer um julgamento social ainda maior”.

Segundo a delegada Sandra Gomes de Melo, chefe da delegacia especial de atendimento à mulher no Distrito Federal, todos os extratos de mulheres sofrem assédio. “A violência não escolhe só a pobre, só quem tem escolaridade, só a mais nova. Talvez a mulher rica não vá sofrer tanto nos meios de transporte, porque não usa, mas vai sofrer no trabalho, por exemplo”.

O levantamento, que mostra que o assédio atinge todas as mulheres, ressalta também que o alvo preferencial são as pretas e pardas. Se entre as não negras 40% relatam assédio, entre as mulheres negras 45% afirmam ter sido assediadas.

“A mulher negra, como é hipersexualizada, sofre um assédio mais incisivo. O local dela não é o da beleza, é o de suprir necessidades carnais. Há uma dupla discriminação”, afirmou a advogada Thayna Yaredy, mulher negra representante do coletivo Rede Feminista de Juristas.

A pesquisa Datafolha é nacional e ouviu 1427 brasileiras.