Planalto planeja última cartada pela reforma da Previdência

A reforma da Previdência já ficou para fevereiro de 2018, ano eleitoral. Mas o governo ainda não desistiu de aprovar sua principal proposta.

Temer Maia e Eunicio - Ueslei Marcelino/Reuters

O presidente Michel Temer guarda uma carta na manga para usar nas negociações pela aprovação das novas regras previdenciárias: a distribuição de cargos. Há cerca de 100 postos de 2º e 3º escalões para negociação com congressistas dispostos a votar a favor do projeto.

As vagas são resultado de demissões e admissões de apadrinhados dos políticos durante as votações das duas denúncias da Procuradoria Geral da República contra Temer.

A expectativa do governo é de que a emenda constitucional da Previdência seja aprovada em fevereiro ou março. Bem próximo dali, até 7 de abril, terão que se desincompatibilizar do governo ministros e demais ocupantes de cargos de confiança que concorrerão às eleições de outubro. Portanto, haverá ainda mais 1 punhado vagas.

Todos esses cargos estarão à espera de novos nomeados. Mas os padrinhos serão escolhidos a dedo após a votação da Previdência. Só poderão fazer indicações aqueles congressistas que se mantiverem fiéis ao Planalto. Apadrinhados de políticos em cargos públicos servem como cabos eleitorais. Uma contratação por agora, mesmo com o governo fraco, garante alguns meses de emprego e prestígio para 1 esforçado auxiliar de campanha.

Emendas

O governo também acelerou o empenho de emendas em dezembro. Já reservou R$ 1,6 bilhão, o 3º maior valor em 1 mês neste ano. Fica apenas abaixo de junho e julho, meses que antecederam à votação das denúncias contra Michel Temer na Câmara. O valor representa mais que o dobro do que foi reservado em novembro (R$ 665 milhões). E corresponde a 17,6% do total de R$ 9,1 bilhões empenhados em 2017.