Flávio Dino: “No Maranhão o povo quer serviço público”
“Não tivemos greve, pela política respeitosa com os servidores. Aqui a gente não debate o Estado mínimo”, afirmou Flávio Dino, governador do Maranhão, ao jornal Folha de S.Paulo. Na entrevista publicada nesta terça-feira (26). Flávio completou: “Aqui o povo quer serviço público. Se não for o Estado, não é ninguém”.
Por Railídia Carvalho
Publicado 26/12/2017 12:19
O governador vê dificuldades para as candidaturas que defendem o Estado mínimo na região nordeste. Na opinião de Flávio Dino, a reforma da Previdência e a Trabalhista se tornarão um fardo para aqueles candidatos que defenderem essas propostas. “Esse neoliberalismo vulgar que às vezes um Amoedo (Novo) da vida professa não tem aderência à realidade brasileira”.
À frente das pesquisas ao governo do Maranhão, ele comentou que não há incompatibilidade na busca de apoios para fortalecer a candidatura no Estado e a corrida para as eleições presidenciais. Flávio Dino tem dialogado no Estado com os demais pré-candidatos mesmo tendo o PCdoB lançado a deputada Manuela D’Avila como pré-candidata à presidência. “Se Manuela estiver na urna, voto nela, claro”, disse Flávio esclarecendo também que as condições colocadas no Estado, marcado pelo Sarneysismo, exigem uma ampla aliança política. "Palanque aberto. Ainda tem o Ciro Gomes, o PDT é um aliado nosso", lembrou o governador que também destacou a candidatura de Lula.
Como tem se manifestado ao longo do ano, Flávio chamou de “monstruosidade jurídica” a decisão do Juiz Sérgio Moro contra Lula. “O leitor pode dizer: é porque ele apoia o Lula. Primeiro, o Lula nunca me apoiou aqui”. Na opinião de Dino, só uma perseguição política justifica Lula não ser candidato. “Pergunte a um cidadão médio: o que você acha de Sarney ou Collor soltos e Lula preso? Isso pode tisnar, criar uma nódoa na eleição, é muito grave”.
O governador ainda emendou sobre a candidatura de Lula: “Se a elite brasileira tivesse um pouquinho de espírito nacional, e menos espírito de Miami, concordaria que Lula é importante para o Brasil. [Tirá-lo] abre espaço para uma aventura que seria Bolsonaro presidente, um suicídio nacional e coletivo”.
Lava Jato
Acerca da Lava Jato, Flávio afirmou que a operação ”virou o principal polo de poder do país, porque não tem outro. Depois das eleições, a força da Lava Jato tende a diminuir, porque é uma anomalia ter um conjunto de profissionais não eleitos com esse poder de ditar o ritmo do país”.
De acordo com ele, a operação Lava Jato criou uma narrativa em que os empresários eram bonzinhos e extorquidos pelo Estado. “É verdade que havia infelizmente corrupção na Petrobras, por exemplo, mas quem estava ao lado? Grandes corporações privadas. Então, se fosse extinguir o Estado porque é corrupto, ia extinguir o mercado junto”, afirmou Flávio. Na opinião dele, “A Lava Jato acertou mais que errou, mas errou nesse ponto fundamental, por incompreensão ou conivência. Não critico tanto as decisões”.
MA: O Estado mais pobre do país
“Quatro séculos em quatro anos”, brinca Flávio ao falar sobre o esforço da atual gestão para mudar a realidade daquele que é considerado pelo IBGE o Estado mais pobre do Brasil. “Eu brinco que esse negócio do Juscelino, de 50 anos em 5, era fácil”. Segundo ele, o governo do Maranhão concretiza o direito da população à escolas de tijolo, à carteira de identidade assim como avança em implementar escolas de tempo integral.
“As pessoas terem escola de tijolo, não de palha ou barro, é uma agenda do século 18. As pessoas terem acesso a carteira de identidade é século 19. Ao mesmo tempo, temos uma agenda do século 20 e 21, escola em tempo integral, programa para mandar nossos estudantes para estudar no exterior”, enumerou Flávio.
Sobre a tentativa de retorno da família Sarney ao governo (Roseana Sarney é pré-candidata), Flávio respondeu a Folha. “Mostra muito um saudosismo do uso da máquina administrativa. Estão com síndrome de abstinência de recursos públicos, de luxos. O grupo empresarial deles depende de recursos públicos, que é um sistema de comunicação [Mirante] cujo maior anunciante era o próprio governo do Estado. Ela pagava ela mesma”.
O governo do Maranhão mantém os anúncios no sistema Mirante, que em 2012 recebia do governo 54% da sua verba publicitária. Esse valor caiu em 2017 para 19%.