Roger Torrent, o novo presidente do parlamento catalão

O parlamento da Catalunha escolheu o deputado Roger Torrent, um dos expoentes do grupo Republicanos Catalães de Esquerda (ERC), como seu novo presidente, em votação na quarta-feira (17). Torrent, um deputado pró-independência da região de Girona, foi eleito por maioria simples na segunda votação do dia, obtendo 65 votos

Roger Torrent

O concorrente era o candidato pró-Madri , do partido Ciudadanos, José Maria Espejo, que teve 56 votos. Na primeira disputa, o número de votos foi exatamente o mesmo, mas era necessário uma maioria qualificada para ser eleito. Já na segunda votação, era preciso apenas a maioria simples.

O anúncio da vitória veio após o ex-presidente da região, e líder da lista que obteve a maioria no pleito de dezembro, Carles Puigdemont, anunciar que estava "renunciando" ao voto na sessão quarta (17), após as ameaças do primeiro-ministro espanhol Mariano Rajoy de entrar com um recurso e manter a intervenção de Madri na Catalunha se o ex-líder fosse eleito presidente.

Roger Torrent tem apenas 38 anos e 20 anos de experiência como político – nunca teve outra profissão. O mais jovem presidente do parlamento catalão tem uma complicada tarefa nas mãos: gerir a eleição do próximo presidente do Generalitat, cargo do qual Carles Puigdemont não quer abdicar, apesar de permanecer em Bruxelas.

Foi aos 19 anos que Torrent começou a militar na Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) e a sua carreira o levou ao cargo de deputado desde 2012 e de presidente de Sarrià de Ter desde 2007 – um pequeno município de cinco mil habitantes na área urbana de Girona.

Nos últimos anos, Torrent tem desempenhado as funções de porta-voz parlamentar do seu partido. Agora, o político com barba de hipster, que já foi notado por ser parecido com um apresentador de programas de moda da TVE, precisa preparar o primeiro debate sobre a posse do governo, em que os deputados catalães deverão fazer uma primeira votação e escolher um nome, com data marcada para 31 de janeiro.

Até lá, espera-se que Torrent, conhecido por ter boas relações com o partido PDeCAT, de Puigdemont e com a coligação Juntos pela Catalunha (JxCAT), consiga um jeito de colocar em prática o pacto acordado entre o JxCAT e a ERC para que Puigdemont tome posse. Sem regressar de Bruxelas.

O líder da ERC, Oriol Junqueras, detido há 76 dias em prisão preventiva, opõe-se a opção de que Carles Puigdemont tome posse como presidente da Catalunha através de videoconferência (por skype), como ele deseja. Além disso, os serviços jurídicos do parlament consideraram “imprescindível” a presença do presidente na assembleia.

No dia 8 de janeiro, Torrent disse que os “pormenores técnico-jurídicos” devem ser deixados para os serviços do parlament – informa a mídia espanhola. O atual presidente do parlamento catalão não voltou ao assunto, mas para tentar prever qual será a sua atuação talvez seja útil ter em mente o que o jornal online El Confidencial diz sobre a sua ideologia: “no seu ideário pesa mais o dualismo independentismo/unionismo do que o termo direita/esquerda”.

Entre a oposição, a ideia é que foi escolhido “um duro” para presidir o parlamento de Barcelona – mas Torrent,  licenciado em Ciências Políticas com um mestrado em estudos territoriais e urbanísticos, é também conhecido como alguém capaz de manter boas relações até mesmo com os rivais políticos. O objetivo da ERC é baixar o nível de conflitualidade na política catalã.

No seu primeiro discurso como presidente do parlamento, prometeu lutar para pôr fim o quanto antes à intervenção estatal na Catalunha. "Perante este cenário sem precedentes democráticos, o primeiro passo é por fim imediatamente à intervenção nas instituições para poder estar a serviço dos cidadãos", afirmou.