STF intervém e Cármen Lúcia suspende posse de Ministra do Trabalho

A presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia, suspendeu, nesta segunda-feira (22), a posse da deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ) como ministra do Trabalho. Ela analisou reclamação do Movimento dos Advogados Trabalhistas Independentes (Mati), que contestou decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) autorizando a posse da deputada. A cerimônia estava prevista para esta segunda-feira de manhã.

Ministra Carmen Lucia assume a condução do STF - Foto: STF

No documento, o Mati, que reúne cerca de 300 advogados especializados em direito do trabalho, argumenta que a decisão do vice-presidente do STJ, ministro Humberto Martins, é inconstitucional, pois fere competência do STF. Na reclamação, os advogados reforçam o entendimento de que a eventual nomeação e posse da deputada como ministra do Trabalho representará afronta ao princípio da moralidade administrativa.

Em trecho de sua decisão, a ministra Cármen Lúcia diz que "pelo exposto, com base no poder geral de cautela (caput do Artigo 297 do Código de Processo Civil) e nos princípios constitucionais da segurança jurídica e da efetividade da jurisdição, que seriam comprometidos com o ato de posse antes de se poder examinar a suspensão das decisões de primeira e de segunda instâncias que a impediam neste momento, defiro parcialmente a providência liminar para a suspensão do ato de posse até que, juntadas as informações, incluído o inteiro teor do ato reclamado, seja possível a análise dos pedidos formulados na presente reclamação, sem prejuízo de reexame desta decisão precária e urgente".

Condenada em ação trabalhista

Escolhida pelo presidente Michel Temer para comandar o Ministério do Trabalho, a deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ) foi condenada em uma ação trabalhista a pagar R$ 60,4 mil a um ex-motorista de sua família que não teve assinada a carteira de trabalho.

De acordo com informações do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT1), que confirmou a condenação em segunda instância, o ex-funcionário deixou de receber gratificações como férias, aviso prévio. Além disso, ele tinha carga horária diária de 15 horas.

Até outubro passado, a dívida não havia sido paga. Foi feito um acordo de pagamento do valor em 18 parcelas, mas, devido ao atraso, a ministra teve sua conta bloqueada, com penhora de R$ 30 mil. Segundo o jornal O Dia, Cristiane Brasil sofreu novas penhoras no final de 2017, mas, apesar do salário de R$ 33 mil, a Justiça só encontrou R$ 700 em conta.