Bairro do Benfica, em Fortaleza, tenta se reerguer após chacina

O bairro do Benfica, um dos mais tradicionais bairros de Fortaleza, conhecido por ser popular, democrático, boêmio e livre, tenta se reerguer após mais uma sequência de atos violentos que vitimou, na última sexta-feira (09), sete pessoas e deixou outras sete feridas.

Benfica: Bairro tenta se reerguer após chacina

O bairro que reúne algumas das principais universidades do Estado, como a Universiade Federal do Ceará (UFC) e o Instituto Federal do Ceará (IFCE), tem grande movimento de estudantes tanto de dia e quanto à noite. Moradores, comerciantes e transeuntes ainda tentam entender o avanço da violência que chegou “na porta de casa”.

Caminhando pela região, conversando com as pessoas, o medo ainda faz calar. É difícil encontrar alguém que queria falar sobre o assunto. Portas fechadas, pessoas sobressaltadas e sempre apressadas. A universitária M.O, de 19 anos, aceitou falar, mas pediu para não ser identificada. “A gente está aqui todo dia e infelizmente tememos por nossa segurança. E o pior é imaginar que não deve ter uma solução pra logo”, lamenta. A dona de casa Maria do Rosário concorda com a estudante. “São fatos que amedrontam e nos deixam presos dentro de nossas próprias casas”, lamenta.

E foi neste clima de indignação, medo e busca por resistência que um grupo de pessoas realizou, nesta segunda-feira (12), um abraço simbólico na Praça da Gentilândia, no Benfica, local onde foram registrada parte das mortes da última semana. “Justiça e paz. Chacina nunca mais", era o clamor de estudantes, professores e moradores que saíram do bosque do Centro de Humanidades da UFC até o local do massacre. Velas, flores e discursos homenageavam as vítimas da onda de violência que assusta a região.

A professora Helana Lutéscia, que participou do ato, conta que o bairro faz parte da sua história. "Minha família vive aqui há mais de 50 anos, minha mãe mora na mesma casinha. O Benfica para nós é a nossa casa. Nós temos que pensar como sociedade e nos preocupar com tudo", afirma.

Além do ato, ao longo do dia várias ações discutiram a questão da segurança na área. Era possível ver policiais militares circulando na região, dando uma sensação de segurança aos que por lá passavam.

Uma reunião envolvendo representantes do Governo do Estado e Prefeitura de Fortaleza acertaram a implantação de uma base da Polícia Militar na Praça da Gentilândia. Eles tabem discutiram a criação de equipamentos de segurança nos centros universitários. Deverá haver também o aumento de blitze de trânsito com foco em busca e apreensão de armas.

O reitor da UFC, professor Henry Campos, também se reuniu com o governador Camilo Santana e o prefeito Roberto Cláudio. Na pauta do encontro, a segurança nos campi da Universidade. Da reunião foi encaminhada a intensificação de patrulhamento nos campi do Benfica e de Porangabuçu, além da instalação, com previsão para maio, de uma Unidade de Segurança Integrada (Uniseg) no Campus do Pici.