AJD: "Marielle foi vítima do aparelho estatal que não admite mudar"
A Associação de Juízes para a Democracia (AJD) emitiu nota, nesta quinta-feira (15) em que afirma que a execução da vereadora Meriella Franco e de seu motorista Anderson Pedro Gomes foram "mortes de ódio, ódio à democracia".
Publicado 15/03/2018 16:22

Para a associação, "a falsa democracia brasileira permite que uma pessoa como Marielle seja eleita, mas não que exista e muito menos que resista".
"Marielle e Anderson morreram no Estácio. Duas pessoas que não foram mortes à toa. Não existem mortes à toa. Foram mortes de ódio. No caso de Marielle, ódio a uma mulher negra, jovem e oriunda da Favela da Maré, que sobreviveu à miséria e à violência. Sobreviveu à sabotagem estatal à educação e à saúde, e conseguiu ser eleita vereadora no Rio de Janeiro", diz um trecho da nota.
A associação destaca que o parlamento municipal perde "uma mulher que, no pequeno espaço do que resta de democracia, colocou sua vida a serviço dos seus, enfrentando as incontáveis violências que a população negra e favelada sofre todos os dias".
"Marielle e Anderson não foram vítimas do delírio fascista chamado “falta de segurança pública”. Foram vítimas do aparelho estatal que não admite mudar, que não admite ser criticado, causador em primeiro e último grau de toda essa violência que ele, ao fingir combater, multiplica e retroalimenta", enfatiza dos juízes.
A nota afirma ainda que a intervenção militar, decretada pelo governo de Michel Temer na segurança pública do Rio de Janeiro, não deteve as nove balas que mataram Marielle e Anderson. "Nunca deterá. Não se combate violência com mais violência", adverte.
A AJD também "exige uma investigação independente" da execução de Marielle e seu motorista, Anderson, e propõe uma discussão democrática e radical de alterações na sangrenta “política de segurança pública”.
"Nossa proposta marca nosso repúdio ao recado dado por aqueles que odeiam a democracia e semeiam a violência em todas as partes", conclui o documento.