PF prende aliados, deixa Temer preocupado e desmonta agenda

Com a autorização do Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Federal deflagrou a operação Skala que prendeu amigos próximos de Michel Temer, entre os quais o advogado José Yunes, o ex-ministro Wagner Rossi e o coronel aposentado João Batista Lima.

Temer com prefeitos - Marcos Corrêa/PR

Em nota, o advogado de Yunes, José Luis Oliveira Lima, disse que a prisão de ilegal e considera uma violência contra a cidadania. “É inaceitável a prisão de um advogado com mais de 50 anos de advocacia, que sempre que intimidado ou mesmo espontaneamente compareceu a todos os atos para colaborar”, afirmou.

Yunes, que é advogado, teve seu sigilo bancário quebrado pelo ministro Luís Roberto Barroso, do STF, na mesma decisão em que foi decretada a quebra do sigilo de Temer no âmbito do chamado inquérito dos portos.

Temer e aliados são investigados por suspeita de corrupção passiva e lavagem de dinheiro na edição do decreto para prorrogar os contratos de concessão e arrendamento portuários, que teria beneficiado a empresa Rodrimar S.A., que opera áreas do porto de Santos.

Também como parte dessa investigação, a PF enviou diversas perguntas a Temer no início deste ano, incluindo se ele sabia da entrega de valores pelo doleiro Lúcio Funaro a Yunes e se o presidente orientou Yunes a receber os recursos e se o dinheiro foi usado por Temer.

No início de 2017, em entrevista à revista Veja, Yunes afirmou que teria recebido um “pacote” de Funaro, a pedido do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.

Prisões causam temor

De acordo com fontes da grande mídia, o governo recebeu a notícia com perplexidade e acreditam que os planos de governo de "agenda positiva" para favorecer as suas pretensões de candidatura nas eleições de 2018 foram minados.

“A Polícia Federal prendeu o círculo mais próximo de Temer. É uma tentativa de emparedar o presidente”, considerou um auxiliar de Temer citado pelo colunista do G1, Gerson Camaroti.

O Planalto já esperava uma nova denúncia, mas não tinha certeza de como ela seria desdobrada. As prisões preventivas de aliados preocupam e paralisam o governo, que acumula uma rejeição recorde nas pesquisas.

A proposta de reforma ministerial pavimentado o caminho para a "reeleição" ficou completamente comprometida.

“A lógica do governo era cobrar fidelidade dos partidos. Só manteria ministério a legenda que apoiasse o Temer. Agora, a lógica se inverteu. O que está em jogo é a sobrevivência do Temer”, afirmou a fonte ao colunista da Globo.