Manuela D’Ávila lança manifesto em São Paulo 

Na noite de 16 de abril, no Teatro Oficina, localizado na região central da cidade de São Paulo, foi lançado o Manifesto ‘Liberdade para o Brasil, para Lula e para as Brasileiras e Brasileiros’, carta- compromisso de Manuela D’Ávila, pré-candidata do PCdoB à Presidência da República. O evento contou com a participação de lideranças políticas e sociais, dirigentes do PCdoB, personalidades culturais e acadêmicas, e a animada bateria da União da Juventude Socialista.

*Por Elder Vieira
 
 
 

Manuela Davila

Enquanto convidados adentravam o recinto e se acomodavam, eram exibidos vídeos com depoimentos de apoio à Manuela. Desde o cineasta Jorge Furtado, passando pela cantora Fernanda Takai e a atriz Tássia Camargo, até o economista Paulo Nogueira Batista Júnior, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e Preto Zezé, da Central única de Favelas, todos qualificaram a candidatura da gaúcha Manuela como a novidade do cenário eleitoral de 2018.Entre uma outra fala ou espetáculo, mais vídeos foram exibidos, como o de Chico Buarque, que ressaltou a coragem de Manuela. Para o autor de ‘Apesar de Você’, “Manu demonstra que as esquerdas podem se unir e devem se unir”. Houve também vídeos de Beth Carvalho, Leonardo Boff, Gilberto Gil, Wagner Moura e Caetano Velozo.

Ana CanãsO ato abre com Ana Cañas cantando ‘Velha Roupa Colorida’, de Belchior. Já aí pelo meio, entra Leci Brandão, com seu samba-combate ‘Zé do Caroço’, que levanta a plateia. Perto do encerramento, Flávio Renegado improvisa “toada-rap” à capela em homenagem à Manuela em torno do tema “Peço à Iansã, mande um vento bom, traga um tempo bom, abençoe o som”. Na saudação de boas-vindas, a mestre de cerimônias Ana Petta dá o tom dos trabalhos: o quadro de violência política, de estado de exceção que o Brasil atravessa, exige amplitude e unidade.

Compõem o dispositivo cerimonial numa das seções de cadeiras do Oficina: Adilson, presidente da CTB; Carina Vitral, presidente da UJS; João Paulo, da Coordenação Nacional do MST; Mariana Dias, presidente da UNE; os deputados federais do PCdoB Daniel Almeida e Alice Portugal, Orlando Silva, presidente do PCdoB em São Paulo, Rubens Jr, Jandira Feghali, Jô Morais, Givaldo Vieira e a senadora do Amazonas Vanessa Grazziotin; Ana Júlia Carepa, ex-Governadora do Pará e João Paulo, ex-prefeito do Recife; o ex-senador do Ceará Inácio Arruda; Haroldo Lima, ex-presidente da Agência nacional do Petróleo; Eleanora Menegucci, ex-Ministra da Secretaria Especial da Mulher e o ex-Ministro das relações Exteriores e da Defesa Celso Amorim; Renato Rabelo, presidente da Fundação Maurício Grabois; Lurian Lula da Silva, filha de Lula; Fernando Pimentel, Governador de Minas Gerais; o deputado federal do PT de Minas, Odair Cunha; Eduardo Suplicy, vereador do PT de São Paulo; Sérgio Mamberti, ator e ex-Secretário de Políticas Culturais do Ministério da Cultura; Jean Willys, deputado federal pelo PSOL-RJ; e Luciana Santos, Presidente Nacional do PCdoB e deputada federal por Pernambuco.

Antes das falas dos presentes, a dupla Ana Luíza e Luiz Felipe, voz e piano, executaram o Hino  Nacional e a música ‘Cálice’, de Gilberto Gil e Chico Buarque. O primeiro a falar foi Celso Amorim, quadro do PT que foi ministro de Lula e Dilma. De sua breve e entusiasmada saudação a Manuela, declarou: “Em tempos excepcionalmente anormais não podemos agir normalmente. Para vencer em tempos assim, a união das forças progressistas é fundamental. Não estamos em tempos de mesquinharias, vaidades, mas de grandeza”. Eduardo Suplicy, também do PT, ex-Senador por São Paulo, foi no mesmo diapasão. Depois de falar da injusta prisão do ex-presidente Lula, registrou que deseja que todos os candidatos progressistas se unam, pela democracia, por liberdade e por justiça. Considera, com base nas pesquisas, que as esquerdas estão se recompondo, se reposicionando. A soma de votos dos candidatos à esquerda do espectro político, segundo o deputado, demonstra força eleitoral do campo. Ao fim de seu pronunciamento, cantou música de Caetano Veloso, em que expressou seu afeto por Manuela.

Lurian Lula da Silva, em nome do pai e do movimento em defesa da liberdade de Lula, agradeceuLurian Silva o convite de Manuela para o ato. “Meu candidato é Lula, mas estarei sempre com você quando você me chamar”, declarou. Considera que seu pai vem sendo golpeado desde 1982 e afiançou que ele nunca estará só enquanto estiver sob custódia de Moro. Assim que concluiu seu pronunciamento, Manuela entregou-lhe presente da Mães da Praça de Maio, da Argentina. Em carta que acompanha a prenda – um lenço das Abuelas de la Plaza de Mayo -, NNNN Bonafiti se solidariza com Lula e afirma que toda a América Latina está com ele.

Pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra falou João Paulo, um de seus líderes. Deu três razões para a presença do MST no ato: “Somos camponeses”, disse, “e os camponeses sempre tiveram os comunistas ao seu lado”. Como segunda razão, deu a unidade a partir da solidariedade de classe. A partir deste conceito, agradeceu o empenho do PCdoB na construção da Frente Brasil Popular. Por fim, memorou os 40 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás, em que vários camponeses foram assassinados pelo latifúndio. Concluiu dizendo que os comunistas estão entre os que mais perderam lideranças camponesas na luta pela terra. Logo em seguida, entregou a Manuela um bandeira do MST, símbolo maior da organização.

O ato já ia bem adiantado, com vídeos de personalidades exibidos e espetáculos musicais executados, quando Márcio Macedo, vice-presidente do Partido do Trabalhadores, chegou ao Oficina. Quinto petista a falar, posto que Gleisi Hoffmann, presidente do partido de Lula, havia já se manifestado em vídeo, Márcio usou seu tempo para falar do ex-presidente e de seu calvário. Considera que se não há vitória política na prisão de Lula, há acúmulo político no processo de resistência, e afirmou que o líder maior de seu partido será registrado no TSE como candidato à Presidência. Agradeceu, em nome da militância petista, a postura solidária do PCdoB e de Manuela, e encerrou com a gracejo que já fizera no Congresso do PCdoB: “Se pro segundo turno der Lula, teremos apoio de Manuela; se der Manuela, Lula apóia Manuela; se der Lula e Manuela, aí teremos dois nomes da esquerda e tá tudo certo”.

Após o vice-presidente do PT, foi a vez do Governador de Minas Gerais, o também petista Fernando Pimentel. Começou por dizer que em sua longa trajetória política sempre teve ao seu lado os comunistas. Em seu rápido discurso, traçou um paralelo entre Lula e Luis Carlos Prestes, líder dos comunistas nos entre meados dos anos 30 e meados dos anos 50 do século passado. Referiu-se ao confronto que se deu na cadeia entre Prestes e Filinto Muller, seu algoz. E concluiu que Lula deveria ter para com seus carcereiros a mesma postura digna e corajosa do então Secretário Geral do Partido Comunista do Brasil.

Luciana SantosLuciana Santos, presidente nacional do PCdoB, foi a última a falar antes Manuela. Caracterizando a difícil conjuntura brasileira, afirma que vivemos a repetição de um golpe de Estado a um só tempo como uma farsa e uma tragédia. Lembrou que o PCdoB, desde o primeiro instante, jamais tergiversou: o que se desenrolava a partir do Impeachment de Dilma Roussef era um golpe. De saída, postou-se no campo da resistência. Todavia, rapidamente entendeu que a melhor contribuição que podia dar era apresentar saídas para crise. Por isso, resolveu lançar candidatura à Presidência. Manuela, segundo a presidente do PCdoB, é essa candidatura. Manuela, para Luciana, é a renovação, não somente porque é jovem, mas porque é portadora das ideias do Partido, expressas no Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento presente em seu programa, na convicção de que o Brasil precisa se reindustrializar, fazer reformas progressistas, inserir-se soberanamente na corrida tecnológica e levar adiante a luta por direitos humanos.
A fala de Manuela é antecedida pela música ‘O Bêbado e a Equilibrista’, de João Bosco e Aldir Blanc, cantada por Ana Cañas.

Manuela D’Ávila começa por dizer que, dos 36 anos de vida que tem, 20 foram dedicados ao PCdoB. Caracterizou Abril como “o mês de luta pela liberdade” e referiu-se ao dia 21 do mês, em que se comemora a coragem de Tiradentes. Lê os primeiros parágrafos do Manifesto Liberdade. Dele, destaca que “os ataques aos direitos e às liberdades tem por objetivo desmonstar o Brasil e comprometer sua independência nacional”. Ainda segundo a pré-candidata, “a destruição da Nação e o avanço do autoritarismo caminham de mãos dadas”. Após percuciente análise do quadro nacional, conclui: “As pesquisas demonstram: as forças democráticas e patrióticas podem vencer as próximas eleições”. 

O Oficina, lotado, aplaudiu de pé a pré-candidata do PCdoB a Presidente da República. Entoou palavras de ordem contra o golpe, em favor de Lula e pela eleição de Manuela D’Ávila, segundo todos os presentes, um sopro de novidade no cenário político e uma alternativa renovadora nas eleições de 2018.